Lombadas estão fora de padrão na cidade

Na contramão do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que restringe o uso de lombadas a ‘emergências’, Araraquara multiplica a instalação desses dispositivos para controle de velocidade. Somado a isso, na maior parte dos trechos, os quebra-molas são instalados fora do padrão de tamanho e de limite de velocidade estabelecidos por lei.

Na Avenida Padre Miguel Pocci, no Vale do Sol, e na Rua Caetano Nigro, no Centro, foram encontradas as lombadas que mais destoam desse padrão previsto pelo CTB. A primeira mede quase 17 centímetros de altura, quase o dobro do permitido, e a segunda 16 centímetros.

As sinalizações de solo sobre as lombadas para permitir sua visualização durante a noite estão praticamente apagadas. Há placas, mas, segundo motoristas, estão muito próximas aos dispositivos e nem sempre são pintadas com material reflexivo, que permite visualização no escuro.

Devido a esse problema, o motorista Diego De Beli Silva, de 32 anos, técnico contábil, já se viu em muitos apuros ao ser surpreendido por uma lombada que não viu. "Nesta semana mesmo, minha mulher quase bateu o carro na Avenida Luiz Alberto porque não enxergou a lombada", conta.

A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) não quis comentar o assunto.

A cidade tem cerca de 300 lombadas e deve instalar mais dez nos próximos dias.
Legislação
A resolução 39 do Código de Trânsito Brasileiro traz as diretrizes para o uso de lombada: uma menor, medindo 1,50 metro de largura e 8 centímetros de altura, destinada a vias locais - aquelas que estão nos bairros. E outra maior, com medida de 3,70 metros de largura e 10 centímetros de altura, destinada a vias rurais (rodovias) e a vias coletoras que dão acesso aos bairros. Segundo a lei, a velocidade máxima permitida nos trechos com lombadas deve ser, respectivamente, de 20 km/h e 30 km/h.

‘Lombada não é solução’, afirma especialista
José Bernardes Felex, professor titular da USP de São Carlos, consultor em Transportes, vê o uso das lombadas para reduzir velocidade com ressalvas. O dispositivo, segundo ele, também pode causar um efeito inverso ao desejado, que é a redução de velocidade. "O motorista reduz quando chega à lombada e, irritado porque teve de reduzir, acelera ainda mais em seguida", afirma.

Para o especialista, o grande desafio está em conseguir mudar a mentalidade do motorista, uma obrigação que deveria ser perseguida com afinco pelos gestores públicos. "Não se faz milagre. Tem que projetar e fazer a educação para que o motorista use a cidade como deve ser. A cidade não é estrada", diz.

Outro problema em relação às lombadas, de acordo com Felez, é que elas podem danificar a suspensão dos veículos, fissuras na pavimentação e rachaduras em residências próximas.
Corredores
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), as vias determinadas como corredores - aquelas por onde se deve transitar modos de transporte coletivo - não podem ter lombadas.
Mas, na cidade, quase todas possuem. Exemplos disso são a Rua Maurício Galli, as Avenidas Luiz Alberto e Padre Francisco Salles Colturato (36) e a Alameda Paulista, entre outras vias.

O CTB também orienta o uso dos quebra-molas em vias que, nos horários de pico, não ultrapassem volume de tráfego de 600 veículos por hora.

A última medição de tráfego feita pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) mostrou que, somente na Avenida 36, o pico de tráfego chega a oito mil veículos por hora, ou seja, 13 vezes mais que o parâmetro tolerado para se instalar uma lombada.


Extraído do site: Araraquara.com

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