SMTT inicia colocação de lombadas e Vias da cidade são menores que o exigido pelo PD


Uma das vias que recebeu a ondulação transversal ontem foi a Avenida Humberto Biagioni, próximo ao cruzamento com a Rua dos Eletricitários

  A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes iniciou nesta semana a instalação de uma série de lombadas na cidade.

Uma das vias que recebeu a ondulação transversal ontem foi a Avenida Humberto Biagioni, próximo ao cruzamento com a Rua dos Eletricitários, na zona sudeste da cidade.Segundo a associação de moradores daquela região, o local tem grande fluxo de veículos e ultimamente vinha ocorrendo muitos acidentes de trânsito. 
 
 
  Na contramão das regras de aprovação de loteamentos, bairros de Araraquara têm vias até 37% menores que o exigido. O Plano Diretor (PD) do Município prevê largura mínima de oito metros em uma via local. No entanto, muitas medem entre cinco e seis metros.

Durante esta semana, a reportagem da Tribuna Impressa percorreu os bairros Vila Xavier, Vale do Sol, Parque São Paulo, Jardim Gardênias, Uirapuru, Lupo 1 e 2, Cecap, Iguatemi e Victório de Santi e, com uma trena, mediu a larguradas ruas apontadas por moradores como as mais problemáticas dos bairros.

Os trechos estreitos mudam as regras de trânsito. Com mão dupla e estacionamento permitido dos dois lados das vias, motoristas se revezam para passar pelo espaço que sobra, em torno de 2,20 metros, quando o necessário seria ao menos seis metros. O "pequeno caos" faz das calçadas uma extensão das ruas: elas passam a servir de espaço para manobras de retorno dos veículos. Este tipo de situação é presenciada diariamente na Avenida Alexandre Rodrigues dos Santos e nas Ruas Pedro Marracini e Theófilo Antônio Machado, na Vila Xavier, conforme relatam as aposentadas Dirce Túlio, de 61 anos, e Clélia Perassolli, 77. "Os motoristas percebem que a rua é estreita e invadem as calçadas que vivem quebradas", reclama Célia.

Dirce conta que, para entrar na garagem de casa, é preciso pedir ao dono do carro estacionado do outro lado para retirar o veículo, pois ela não tem como realizar a manobra. "Ele estaciona do outro lado e praticamente fecha a rua, não tem como virar", alega.

O mesmo problema é verificado na Avenida Mathias Filpi e na Rua Major Antônio Amaral Biavati, no Parque Cecap. Por lá, as vias permitem estacionamento, mas têm seis e cinco metros, respectivamente. "Cansei de observar atropelamentos e acidentes de trânsito aqui. Já reclamei na Secretaria de Trânsito e não adiantou", relata a dona de casa Silvia de Oliveira, 48. Ela e o vizinho Walter Luiz Cereda, 79, aposentado, acreditam que as ruas poderiam ser mais largas. "A Prefeitura podia aumentar a via, mas isso ninguém quer fazer", afirma o aposentado. Além de ser entrada do Cecap, a Avenida Mathias Filpi permite chegar ao Cecap 2 e ao Iguatemi, dois dos bairros mais populosos do entorno, e a um Distrito Industrial.

A Rua Bento Patone, no Jardim Uirapuru, é outro exemplo de irregularidade. Mede pouco mais de seis metros e permite estacionamento de mão dupla. Com os veículos estacionados, sobram pouco mais de dois metros de largura para o leito carroçável.

Problema atual não tem solução
O problema identificado pela reportagem da Tribuna - ruas e vias em bairros da cidade com medida mínima abaixo do ideal - não tem solução, segundo Alessandra Lima, secretária de Desenvolvimento Urbano (SDU). Como as calçadas também são estreitas, não é possível alargar as ruas.
A proposta, a partir de agora, é alterar a exigência mínima de largura das ruas em novos loteamentos para entre 12 e 14 metros, incluindo as calçadas, guias e sarjetas. Mas, de acordo com ela, desde a década de 1960 o município já tem essas diretrizes. "Há uma hierarquização. Quando temos uma rua arterial, por exemplo, ela mede mais ou menos 38 metros, incluindo o passeio público", explica. Uma rua local, como é o caso da citada pela reportagem, pode medir, atualmente, entre 8 e 12 metros. Ainda segundo Alessandra, hoje há estudos apenas para solucionar os problemas de trânsito na Rua 9 de Julho. A Secretaria de Trânsito e Transportes (SMTT) informou serem raras as queixas de moradores, mas alegou que, quando há registros são enviados técnicos para verificar o problema relatado.
‘Cidade não se preparou para mudança social’
Para o especialista Paulo de Tarso Amêndola Lins, docente do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Araraquara (Uniara), a cidade não pensou na mudança do perfil social de bairros populares e o aumento da frota de veículos, inclusive na periferia, decorrente do crescimento da renda per capita. "O poder de compra está maior, eles passaram a ter carros e aí surgiu o problema, porque a via foi feita para ter no máximo dois ou três moradores com veículos, enquanto, hoje, a maioria tem", avalia.

O urbanista explica que bairros como Selmi Dei, Vale do Sol e Iguatemi foram projetados com ruas mais estreitas para baratear o custo dos empreendimentos. "Com rua mais estreita se economiza asfalto, infraestrutura e o bairro ficam mais barato."

Para Amêndola, sendo mão dupla, as ruas deveriam ter pelo menos 8,5 metros de largura. O urbanista vê como mais caótica a situação das chamadas vias arteriais da cidade, caso da Rua Maurício Galli, Alameda Paulista e Avenida Sete de Setembro. "São avenidas de acesso, que têm o chamado leito carroçável muito pequeno para sua demanda de tráfego."

Vale do Sol, uma ilha!

No Vale do Sol, os moradores sentem o peso do problema das ruas estreitas e sem ligação. O bairro tem 39 trechos sem saída e poucas ligações com os demais, o que obriga os moradores a darem longas voltas para chegar a locais próximos, como o Parque Igaçaba. Essa característica fez do Vale do Sol uma espécie de ilha, segundo os moradores. "Não tem como alargar ruas nem ligar o bairro, porque a rua morre e do outro lado tem casas", relata a dona de casa Isaura Santana Moraes, 49.

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Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara