Aprovação ao governo cai 6%

O índice de aprovação do governo do prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) caiu 6% em comparação com a última pesquisa, divulgada em dezembro de 2010. De acordo com novo levantamento do Instituto Datapress, feito nos dias 26 e 27 de março, 45,76% da população considera o governo "ótimo ou bom", enquanto 18,3% o avalia como "ruim ou péssimo". Para outros 32,11%, a administração é "regular" e 3,83% não souberam responder. No levantamento anterior, a aprovação era de 52%.

Esta é a primeira vez, em sete pesquisas realizadas desde a posse de Barbieri, em 1º de janeiro de 2009, que a aprovação a seu governo registra queda acima da margem de erro da pesquisa, que é de 4% para mais ou para menos. O melhor índice da administração foi registrado aos seis meses de governo, em junho de 2009, quando o prefeito tinha aprovação de 57% da população.

Os pesquisadores também questionaram se a cidade melhorou, piorou ou ficou igual após 27 meses de governo Barbieri. Para 32,78%, "melhorou"; 18,47% acreditam que "piorou"; 46,59% responderam que "ficou igual"; e, 2,16% não souberam avaliar. Em comparação com a pesquisa anterior, as respostas positivas a essa questão caíram 4%, as negativas cresceram 6% e as neutras caíram 3%.
Motivos
O Instituto Datapress perguntou aos entrevistados os motivos de suas respostas. Entre os que consideram o governo "ótimo ou bom", 54,8% justificaram sua avaliação "pelas melhorias" que a cidade recebeu; 28,6% acham que o governo "faz bastante"; 9,5% destacaram os "investimentos em educação"; e, para 7,1%, o governo "está desenvolvendo" o município.

No outro extremo, entre os que consideram a administração "ruim ou péssima", 42,4% entendem que o governo "não faz nada" pela cidade; 33,3% responderam que Araraquara está "abandonada" ou que a "saúde é precária"; 19,7% consideram que o prefeito "não cumpre as promessas" de campanha ou "deixa a desejar"; e 4,56% justificaram a resposta pelo "aumento de salário" concedido ao chefe do Executivo e seus secretários.
Metodologia
O Datapress ouviu 601 pessoas, todas maiores de 16 anos, em 21 setores de todas as regiões da cidade, nos dias 26 e 27 de março de 2011. A margem de erro é de 4% para mais ou menos. Os sociólogos José Maria Viana de Souza e Edelvani Fioco são os responsáveis pela pesquisa.
Administração precisa imprimir ‘marca própria’, analisa cientista político
"O governo não é ruim. O prefeito é um homem trabalhador, empenhado e empreendedor, mas não está conseguindo imprimir uma marca própria à administração. Está faltando ir além do convencional e projetar um horizonte mais renovador". A afirmação é de Mílton Lauherta, professor de Ciência Política da Unesp de Araraquara, ao avaliar os números da pesquisa Datapress.

Na opinião dele, a atual administração está "corretamente se preocupando com a gestão e obras convencionais, mas deixando de projetar bandeiras para o futuro, projetos de longo prazo e que pensem a cidade para daqui a 30, 40 anos". O cientista político entende que "este não é um mau governo, mas essa queda na popularidade preocupa e pode se tornar uma tendência".

Lauherta considera que a falta de uma "marca pessoal" forte e o convencionalismo na atuação podem levar a população a comparar o atual governo com o anterior, "que também não inovou neste sentido". O professor sugere a inclusão de temas relacionados ao meio ambiente, como cuidados com as nascentes e qualidade da água e o lixo, na agenda da administração.

"Araraquara padece de lideranças políticas que a projetem para o futuro, que pensem as mudanças pelas quais a cidade está passando. Nossas nascentes estão abandonadas, há problemas de limpeza pública, há muitos buracos nas ruas e o trânsito está cada vez mais complicado. É preciso buscar soluções novas, inteligentes e criativas. Não basta apenas gostar da cidade", conclui.
Desgaste
A socióloga Karina Pasquariollo Mariano, doutora em Ciência Política e professora da Unesp de Araraquara, analisa que a primeira queda no índice de aprovação do governo Marcelo Barbieri em 27 meses de mandato pode ser justificada pelo "desgaste natural" de quem está no poder há mais de dois anos.

"Os dados não revelam uma razão única para este resultado", diz. "É uma avaliação de conjuntura. Estamos saindo de um período de chuvas que deixa as ruas esburacadas e o mato alto, além da epidemia de dengue. São problemas que se intensificam no verão, mas que dão a sensação de que não se está fazendo nada".

Outro aspecto destacado pela professora é que "por estar entrando na metade final do mandato e já se falar na eleição municipal de 2012, a população pode achar que o governo não vai fazer mais nada", avalia. "Devemos lembrar que 46% responderam que a cidade ficou igual. Essa visão pode estar ligada à percepção de que se esperava mais do governo."
Reflexos
De acordo com Karina, por haver no Brasil, neste momento, um sentimento generalizado de descrédito em relação aos políticos e às instituições em geral, além do aumento da inflação e casos de corrupção, "o cidadão acaba relacionando todas estas questões com os problemas locais e isso acaba se refletindo na avaliação do governo municipal".

"Por outro lado", pondera a cientista política, "a educação é muito bem avaliada; é um item da pesquisa bastante positivo, apesar de não influenciar muito por ainda estarmos no início do ano letivo".
Cidadania
A doutoranda em Sociologia pela Unesp de Araraquara Patrícia Olsen de Souza tem o mesmo pensamento. "O governo está em sua segunda fase, caminhando para o final e, em 2012, haverá eleição para escolha de prefeito e vereadores. Isso pode criar uma sensação de fim de mandato e poucas perspectivas de melhorias", frisa.

Patrícia lembra que a epidemia de dengue e o reajuste dos vencimentos do prefeito e secretários municipais podem ter tido uma contribuição importante para a queda na avaliação. "Os salários da maioria da população são baixos e a questão da dengue e da saúde em geral é muito sensível às pessoas", diz.

Outro ponto apontado por Patrícia é que "a atividade política está passando por desgaste e a população não está vendo na política uma alternativa para resolver seus problemas". Segundo ela, "deve-se levar em conta também que a população não acompanha de perto o trabalho [da administração] e a relação entre representantes e representados está um pouco corroída."

Para a pesquisadora, "cidadania não é apenas o voto". "Temos que acompanhar as atividades dos políticos. Essa é uma questão cultural. Uma população mais politizada tem a ver com o fomento da participação na base da sociedade. É preciso mudar nossa cultura política."










ARARAQUARA.COM

O Araraquara Hoje fez sua primeira enquete com o tema " O que você acha do governo Marcelo Barbieri em Araraquara?" e apontou que 40% do votos foram para péssimo contra 14% para ótimo. Apenas lembrando que o Araraquara Hoje foi criado no dia 02 de novembro de 2010.

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Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara