Brasil enfrentará 3 tipos de gripe em 2011

Mutante e imprevisível, a gripe invariavelmente volta à cena nas épocas de baixas temperaturas, período em que acumula pacientes nos hospitais do País.
Depois da experiência com o rosto inédito e agressivo da gripe A H1N1, especialistas estimam que três tipos estarão circulando no Brasil durante o período de frio.
Além do já famoso e recente H1N1 (causador da chamada gripe suína), os brasileiros enfrentarão os antigos H3N2 e o vírus tipo B da gripe.
A epidemia do influenza H1N1 em 2009 e 2010 mostrou a faceta nova do vírus, drástica e perigosa. Por ser um tipo novo da doença, até então desconhecido, os riscos eram praticamente universais, o que exigiu uma vacinação especifica e em larga escala.
Embora o conhecimento adquirido ajude a ampliar a proteção, este ano os brasileiros não estão livres de assistir a um fenômeno parecido com o vivido nos dois últimos anos, alertam especialistas.
“O lado bom dessa experiência foi mostrar ao mundo que a gripe não é banal e exige vacinação. Há muitos anos brigamos pela inclusão das gestantes e crianças na vacinação pública, pois são dois grupos de alta mortalidade”, avalia Isabela Ballai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm).
O trio de vírus que deve ameaçar a saúde dos brasileiros neste inverno tem comportamento e gravidade semelhantes. Segundo Nancy Ballei, professora, diretora e coordenadora do Setor de Viroses Respiratórias da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o vírus H1N1, com o passar dos anos, vai transformar-se em sazonal, assim como os demais.
 “É impossível dizer qual será o mais prevalente. Não sabemos o quanto de cada um irá circular. Os números são extremamente variáveis, mesmo em regiões próximas. O vírus tipo B e H3N2 são perigosos como o H1N1.”
Três em um
Para blindar o organismo, a vacinação deste ano nas redes privada e pública deixa de ser monovalente – atacar um vírus específico de uma vez só – e passa a ser trivalente, ou seja, protege o organismo dos três tipos possivelmente presentes no País.
Quem já teve a influenza nos anos anteriores não está salvo de uma nova contaminação. Embora a reação do organismo possa ser mais ativa, e a manifestação da doença mais branda, não há garantias de proteção sem a vacina deste ano.“A vacinação no ano passado foi focada em conter o vírus novo. Ele não foi eliminado, apenas passou a ser conhecido. A imunização é anual e recomendada a toda população, independentemente da cobertura pública de vacinação (realizada em 2010)", pontua a diretora da SBIm.
As especialistas ainda alertam que a contaminação não é excludente. Pacientes diagnosticados com uma espécie de vírus não estarão ilesos de uma contaminação futura por um dos outros dos tipos.
Zé gotinha para adultos
Embora na rede pública de saúde o alcance seja limitado às gestantes, idosos e menores de dois anos, a vacinação deve ser universal. Os adultos de 18 a 59 anos não fazem parte do grupo de risco estipulado pelo Ministério da Saúde, mas são vetores de transmissão da doença, que é uma das maiores causas de faltas no trabalho.
Além do fator custo, outra causa que mantém esse grupo longe da proteção é o medo da agulha, defende Lucia Bricks, diretora de Saúde Pública da Sanofi Pasteur. Divididos por gênero, a estatística da médica é ainda mais surpreendente: os homens são ainda mais temerosos do que as mulheres. Denominado tripanofobia, o pânico de levar uma picada atinge de 3 a 20% da população adulta.
Para quem sofre de tal mal, a Sanofi lança no mercado brasileiro a vacina intradérmica. Com uma agulha 10 vezes menor que a tradicional, e muito mais fina, a empresa promete antídoto contra a gripe sem dor e trauma. A alternativa para o medo também é trivalente (protege contra os três possíveis vírus da doença) e custará, em média, de R$ 60 a 70 em clínicas particulares.
“A proposta é oferecer uma nova possibilidade a esse público adulto. Pessoas com problemas de coagulação sanguínea também são beneficiados, pois a vacina é menos invasiva, não atinge músculos nem os vasos. Esperamos ampliar o acesso e diminuir as lacunas da vacinação no Brasil”, defende Lúcia Bricks.

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