Correios poderão criar banco próprio, diz Paulo Bernardo

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou nesta sexta-feira (29) que os Correios estudam constituir um banco próprio, mas ponderou que essa possibilidade não exclui o banco postal, modalidade em que a estatal atua como correspondente bancário.

A Medida Provisória nº 532, publicada nesta sexta no Diário Oficial da União, amplia a atuação dos Correios para outras áreas como logística integrada, serviços financeiros e serviços postais eletrônicos. Segundo Bernardo, o decreto com o novo estatuto dos Correios deve ser publicado no Diário Oficial da União de segunda-feira (2).

Temos um potencial enorme, principalmente para a baixa renda"
Paulo Bernardo
Na avaliação do ministro, não somente os serviços dos Correios precisavam ser modernizados como também a estrutura organizacional. Segundo ele, esta é a única estatal que o presidente do conselho de administração assume o comando da companhia. As atribuições das diretorias também sofrerão ajustes.

Em relação aos serviços financeiros, ministro citou exemplo dos Correios da China, que têm atuação forte no segmento financeiro. Ao comparar com o Brasil, ele citou que o banco postal, nos moldes atuais, tem 11 milhões de contas ativas. “Temos um potencial enorme, principalmente para a baixa renda”, disse. Segundo ele, dados dos Correios mostram que 55% dos usuários de banco postal pertencem à baixa renda.

Ele observou que, se for tomada a decisão de constituir um banco próprio, depende ainda de autorização do Banco Central e de a empresa ter recursos para isso. Bernardo enfatizou que, em nenhum momento, o Tesouro Nacional injetará recursos no negócio. "A presidente (Dilma Rousseff) deu o “de acordo” dela. Se os Correios cumprirem as exigências, pode ser autorizado", disse.

Ao ter um banco próprio ou se associar a outras instituições, abre possibilidade de os Correios atuarem na área de serviços financeiros em modalidades que hoje a empresa não consegue via banco postal. Um exemplo é o recebimento de tributos de prefeituras e o lançamento de cartões próprios.

Telefonia celularO ministro das Comunicações também disse que já há estudos em andamento com o objetivo de diversificar os negócios dos Correios. Um desses projetos diz respeito à possibilidade de os
Correios tornarem-se um operador virtual de telefonia celular.

Essa modalidade de operação foi regulamentada recentemente pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e permite que uma empresa com vasta rede de clientes ingresse no negócio da telefonia móvel, “alugando” a rede das operadoras de telefonia celular tradicionais, mas usando a marca própria, que já é forte.

Na área de serviços digitais, os Correios analisam também a possibilidade de atuar como certificador digital. Outras possibilidades em estudo são ampliar a atuação da estatal no comércio eletrônico e ingressar na área de "mensageria" (entrega de mensagens por meio da internet).

Também está sendo analisada a implantação do correio híbrido (modalidade que permitirá aos Correios receber a correspondência em meio digital e convertê-la a um meio físico, concluindo a entrega por meio da agência mais próxima do endereço de destino).

Transportes
Na área de logística integrada, os Correios poderão, por exemplo, cuidar de todo o processo que envolve a venda de um produto. A empresa poderá realizar o fluxo logístico que se inicia na captação dos pedidos, preparação das remessas, transporte e vai até a entrega domiciliar.

Encontrar uma solução para aprimorar e agilizar o transporte de correspondências pelos
Correios é uma das prioridades da estatal, segundo o ministro. "É vital. Os Correios gastam R$ 300 milhões com transporte aéreo", disse. Bernardo ponderou que os Correios têm dificuldade de contratar para prestar o serviço por causa da limitação da duração do contrato, que é de um ano, podendo ser prorrogado.

Há três possibilidades em análise: ampliação do prazo dos contratos para cinco anos, participação dos Correios em uma empresa aérea e constituição de uma subsidiária de logística. Segundo Bernardo, essas questões serão tema de uma reunião entre o ministério e a estatal semana que vem.

Quanto à possível participação dos Correios no Trem de Alta Velocidade (TAV), o trem-bala, o ministro reiterou que a empresa não entrará no leilão, mas vai se associar, posteriormente, ao consórcio vencedor. Ele acredita, no entanto, que as empresas interessadas em disputar o TAV já devem estar negociando com os Correios, pois o acerto dessa sociedade influencia no preço do lance.

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