Pesquisa aponta um início de desgaste do Governo Marcelo

O recuo de seis pontos percentuais na popularidade do prefeito Marcelo Barbieri, apontado pela sétima pesquisa Tribuna/Araraquara.com/Datapress, coincide com a segunda fase do mandato e supera, pela primeira vez, a margem de erro da pesquisa, que é de quatro pontos. A queda foi de 52% para 46%, em um intervalo de quatro meses desde o último levantamento. Ao mesmo tempo, o desmembramento da pesquisa não indica grandes mudanças nas posições da população com respeito aos principais temas da cidade, embora a Administração Municipal possa extrair importantes subsídios sobre os pontos fortes e fracos das políticas públicas, para os últimos 21 meses de governo.

A Tribuna ouviu de especialistas, que interpretaram o resultado como um ‘desgaste natural’ após pouco mais de dois anos de governo. A interpretação é corretíssima. Qualquer governante vive uma primeira fase de ‘namoro’ com a população, há níveis de compreensão bastante altos no primeiro ano, uma vez que o eleito precisa de algum tempo para implementar seu estilo e as mudanças necessárias. Trata-se de um modelo clássico de percepção por parte do eleitorado, seja qual for a herança deixada pelo governante anterior. Há, além de tudo, um processo de adaptação política que inclui a formação do secretariado e as relações com o Legislativo.

O histórico das pesquisas do Datapress confirma essa premissa. A popularidade de Marcelo Barbieri atingiu o auge entre o sexto e nono mês de governo, quando oscilou entre 57% e 56%. Mesmo nos levantamentos seguintes, as porcentagens de aprovação sempre estiveram dentro da margem de erro, inclusive na última pesquisa, em dezembro. Agora, porém, a população promove uma avaliação com viés mais exigente, uma vez que o prefeito está há 27 meses no poder e, em tese, a caminho de tentar a reeleição no ano que vem. É quando fica mais evidente um início de desgaste, que ainda assim nem é tão grande. Acrescenta-se a isso os problemas conjunturais, típicos de verão, com chuvas fortes calor mais intenso: explosão dos casos de dengue, um dos temas traumáticos para a população, ao lado das visíveis questões de pavimentação e limpeza de vias e terrenos. Trata-se de um coquetel que certamente pesa na popularidade da Administração e que pode justificar a necessidade de reforço no secretariado.

Como em todas as pesquisas de popularidade, é no detalhamento dos dados que estão as informações que merecem maior atenção do governo. É normal, por exemplo, que 31% dos entrevistados tenham percebido que a situação da cidade melhorou, enquanto 18% consideram que Araraquara está pior. Ocorre, porém, que a maioria (46%) não identifica as possíveis ações de transformação em relação ao governo anterior, ao responder que a situação ‘ficou igual’. Como se trata de uma maioria razoável - quase metade - há duas conclusões possíveis e não incompatíveis: a cidade estava caminhando bem e a atual administração manteve as principais políticas ou as eventuais alterações de rumo ainda não foram percebidas. Essa segunda hipótese parece mais viável, uma vez que, em outro ponto do levantamento, 48% dos entrevistados dizem simplesmente não ter conhecimento sobre as realizações da prefeitura. Talvez, o professor Lahuerta tenha razão em sua observação de que "o governo precisa imprimir sua marca própria".

Nesse sentido, as formas de o Executivo melhorar a conexão com a população também são clássicas: maior aproximação com os bairros, divulgação ampla dos projetos, transparência nos grandes temas envolvendo debates e audiências públicas na Câmara, participação mais ativa de todos os níveis de governo, secretariado e autarquias. Por fim, como nos outros grandes temas - as profundas modificações na educação municipal, os pesados investimentos na saúde e o projeto de internet grátis - é preciso seguir atacando os pontos mais sensíveis ao cotidiano do cidadão, todos amplamente ressaltados na pesquisa: os eternos gargalos de ‘zeladoria’, buracos, asfalto, limpeza pública e segurança. Ou seja, o Governo precisa fazer melhor e ser mais notado mostrando seu peso nas principais realizações.

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