Regiões Norte, Leste e Central lideram reclamações de trânsito

Os bairros que compõem as Regiões Norte, Leste e Central da cidade, onde estão as principais vias arteriais de Araraquara, lideram as reclamações sobre trânsito, segundo a pesquisa "Perspectivas Eleitorais e Avaliação do Governo Municipal", do Instituto DataPress.
As três localidades são as regiões mais densas da cidade e englobam bairros como o Selmi Dei, Imperador, localizados à Nordeste, todo o Distrito da Vila Xavier, onde vivem quase 70 mil pessoas, e o Centro. Esses moradores queixam-se, constantemente, dos abusos cometidos pelos motoristas, como o excesso de velocidade, e relatam o crescimento dos acidentes de trânsito, mas também apontam falhas em sinalização.
O setor manteve-se, nas últimas sete pesquisas, entre os dez itens de maior relevância para a cidade, segundo a pesquisa do DataPress. E não é por menos: até 12 de abril deste ano, o município registrou mais de mil acidentes no trânsito, sendo 319 com vítimas, 787 sem vítimas, quatro mortes e 30 atropelamentos, de acordo com balanço da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT).

Testemunhas
Quem reside nessas regiões, testemunha acidentes, abusos de motoristas e mortes. "Eu não atravesso mais a rua para ir à padaria comprar pão. Tenho medo de ser atropelado nessa rua, que tem movimento o tempo inteiro e acidentes todos os dias", afirma uma aposentada que reside na Avenida Estrada de Ferro, acesso a bairros como Jardins Paulistano e Estações, entre outros.
Os acidentes a que ela se refere são os ocorridos, principalmente, no acesso ao Condomínio Barbieri, situação também testemunhada pela comerciante Maria Aparecida Zanetti, de 50 anos, que possui uma loja em frente ao local. "Todos os dias têm acidentes aqui. O motorista para para entrar no condomínio e os que vêm atrás batem na traseira. Isso é direto, quase todos os dias", conta. Os motoristas já pediram lombadas, radares e até mesmo semáforos, mas ainda não foram atendidos.
Moradores do Vale do Sol, Região Noroeste, também se preocupam com o trânsito. Lá eles querem fiscalização, principalmente nos dois principais acessos ao bairro - as Avenidas Armando Salles Oliveira (Cinco e meio) e Antônio Honório Real.
Além do excesso de velocidade praticado por condutores, eles preocupam-se com garotos a bordo de bicicletas engatadas na traseira dos ônibus, uma perigosa brincadeira conhecida como ‘rabeira’. "Todo dia, é só vir nos horários de saída de escola que a gente vê isso", relata o motorista Daniel de Moraes, 48.
Na última semana, a Rua Maurício Galli, principal acesso ao bairro Selmi Dei e Jardim Imperador, região que concentra ao menos 30 mil moradores, registrou duas mortes no trânsito. Moradores têm reivindicado mais segurança no trânsito da região.

‘Cidade não estava preparada para o crescimento da frota’
O coronel Cid Monteiro de Barros, secretário municipal de Trânsito e Transportes, afirma que o órgão realiza uma série de ações para melhorar a segurança no trânsito. Isso inclui o uso de radares estáticos em vias centrais como Via Expressa, Maurício Galli e Padre José de Anchieta, entre outras. "Estamos usando até um radar com infravermelho durante a noite e vamos colocar semáforos, fechar cruzamentos e proibir conversões na Maurício Galli", explica.

No entanto, na opinião do secretário, o principal ‘gargalo’ no combate aos acidentes de trânsito ainda está na conscientização do motorista. "Nos dois acidentes que tivemos na Maurício Galli tivemos como principal motivo a imprudência: no primeiro, o motociclista estava na preferencial, mas acima do limite de velocidade; no segundo, o jovem não respeitou a sinalização de pare e estava embriagado", afirma.
Por isso, o órgão tem investido cada vez mais em campanhas de conscientização e em um projeto de educação de trânsito realizado com crianças, nas escolas públicas e particulares.

‘Educação do motorista é a saída’, avalia especialista
O crescimento da frota de veículos e os problemas estruturais enfrentados pela cidade não justificam, sozinhos, o crescimento dos acidentes. Para José Bernardes Felex, especialista em Transportes da Universidade de São Paulo (USP), educar o motorista e apertar a fiscalização são medidas necessárias para frear os acidentes.
Para o especialista, condições de cessão das cartas e formação dos condutores precisam ser revistas. "As autoescolas não formam condutores, e sim gente para tirar carteira de motoristas", critica.
Ele defende uma fiscalização mais eficiente. "A punição com multas pode ocorrer porque a fiscalização precisa de algo que lhe dê credibilidade, mas esse respeito não será obtido se esse trabalho for realizado com radares escondidos", conclui.

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