Ele estava no banco do passageiro do carro de um amigo, um Vectra ano 2003, quando, o motorista teria perdido o controle e raspado na lateral de um caminhão parado. A vítima, que estaria com parte do corpo para fora do vidro, bateu a cabeça.
O registro policial ficou um tanto confuso. A Polícia Civil fez o Boletim de Ocorrência (BO) de lesão corporal gravíssima.
Izaias Lopes, de 25 anos, foi internado na madrugada de sábado e morreu no final da noite de domingo. A única testemunha do caso é o amigo dele, um pedreiro de 32 anos. À Tribuna Impressa, ele disse que, no sábado à noite, estava na casa de Lopes participando de um churrasco. Os dois ficaram por lá até por volta das 22 horas, quando resolveram sair para ir a um bar, no Jardim das Hortênsias, Zona Leste.
Esse bar é de um familiar do pedreiro. Como estava no bairro, Lopes, que trabalha como carpinteiro, teria chamado um primo para beber. Marcelo da Silva, 37, confirma a visita do carpinteiro, mas, na ocasião, não aceitou a ida ao bar. Lopes e o amigo permaneceram bebendo cerveja até o começo da madrugada de domingo. Segundo o amigo, ele precisava ir vigiar uma obra que está construindo e convidou Lopes para acompanhá-lo. "Ele estava ruim (embriagado) e o chamei porque iríamos jogar bola (futebol) pela manhã."
O pedreiro conta que, no meio do caminho, Lopes teria avisado que estava com ânsia. "Ele abriu o vidro do carro, soltou o cinto e debruçou na janela para tomar um vento. Quando eu virei o carro, vi o caminhão parado e puxei. Tirei a frente, mas bati a lateral e vi quando o retrovisor bateu na cabeça do Izaias", conta o amigo. Isso explicaria uma lesão causada no olho do carpinteiro e que a família pensou ter sido provocada por um soco. Na ocasião, o pedreiro diz não ter imaginado que o carpinteiro havia batido também a cabeça contra a parte de ferro do caminhão estacionado.
À reportagem, ele disse ter pensado se tratar apenas de um corte e, ao invés de pedir o atendimento médico, mudou o caminho e seguiu para a casa porque o amigo estava consciente. "Quando cheguei aqui (na residência dele), fui abrir a porta para ele e vi que o corte era feio. Pedi para a minha mulher chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e fui atrás dos parentes do Izaias para avisar do acidente", relembra o amigo. "Quando voltei, avisaram que ele estava no hospital."
Givaldo dos Santos, 36, é primo do carpinteiro e confirma que o pedreiro foi avisá-lo do acidente, mas não entende dois pontos da história: o fato dele ter deixado o carpinteiro com sua esposa e não ter aparecido para prestar depoimento à polícia no dia do acidente. A suspeita é que ele evitou se apresentar à polícia por ter bebido. Lopes foi socorrido, fez cirurgia na Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos. O laudo médico apontou Traumatismo Craniano Encefálico (TCE). Ele foi enterrado na tarde desta segunda-feira.
Parentes da vítima desconfiam de agressão
Parentes de Izaias Lopes estão desconfiados que a morte do carpinteiro tenha acontecido por um motivo diferente. A irmã de Izaias, a jogadora de futebol Tatiane Lopes, 17, diz ter conversado com o amigo do irmão e ele teria comentado que a lesão fora resultado de uma briga. A mesma versão relata Eva Aparecida da Silva, 52, madrinha da vítima. "Eu estava no bar e uns meninos chegaram falando que o Izaias levou umas pancadas com facão na cabeça."
A tia do carpinteiro era a mais indignada. "Esse corte na cabeça dele não foi de acidente, não. Acho que tem coisa errada. Tem gente falando que ele levou uma ‘facãozada’, mas ninguém explica nada para a gente." Carlos Alberto Zelante, 36, é primo de Izaias e admite que a versão apresentada pelo pedreiro - de que o carpinteiro morreu ao colocar a cabeça para fora do carro - é consistente, mas ele poderia ter aparecido e falado com os parentes.
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