Brasil deveria encabeçar doações para combate à aids, malária e tuberculose, defende Fundo Global

Em fórum realizado em São Paulo, fundo financiado por Bill Gates espera que Brasil lidere doações feitas pelos países do BRIC

A malária é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito do gênero Anopheles. 
Durante anos, o Brasil foi alvo de ações humanitárias vindas do exterior que investiram grandes quantias para combater doenças como a malária. Agora chegou a vez de não só o Brasil, mas também a Índia, China e Rússia, que formam o grupo econômico BRIC, assumirem seu papel de potências emergentes e colaborarem para o combate de doenças como a aids e tuberculose. Essa será a principal ideia defendida no 4º Fórum de Parceiros do Fundo Global de Luta contra a Aids, Tuberculose e Malária, que começou nesta terça-feira, em São Paulo, e vai até dia 30 de junho.
Criado em 2002, idealizado pela ONU e pelos países do G8, o Fundo Global é uma instituição de financiamento internacional, especializada em levantar recursos para custear programas de prevenção e tratamento da aids, malária e tuberculose pelo mundo. Bill Gates, o fundador da Microsoft, fez a primeira doação para a entidade. Para dezembro de 2011, o Fundo já possui 21,7 bilhões de dólares, que serão destinados a 600 programas em 150 diferentes países. Segundo cálculos do próprio Fundo, a instituição suporta perto de metade dos pacientes que recebem tratamento para a aids, e proporciona 65% do financiamento internacional para o combate à tuberculose e à malária.
De acordo com Michel Kazatschine, diretor executivo do Fundo Global, países como Rússia e China, que antes eram apenas beneficiados com os financiamentos da instituição, se tornaram também doadores. A Rússia, por exemplo, devolveu os 20 milhões de dólares investidos no país e se comprometeu a doar mais 60 milhões de dólares nos próximos três anos. Michel defende que a mesma transformação deveria ser acompanhada por todos os países do BRIC. "Acredito que o Brasil tem um papel de liderança em transformar os países do BRIC em doadores", disse Kazatschine ao site de VEJA.
Desde 2007, o país recebe investimentos do Fundo Global para programas de prevenção e tratamento da malária e da tuberculose. Segundo informações do Ministério da Saúde, o Brasil recebeu 27 milhões de dólares a serem gastos em cinco anos em ações contra a pneumonia. Para a malária, o país deu início este ano a outro programa, com financiamento de 17 milhões de euros, que deve terminar em 2012.
Nenhuma verba  — Mesmo assim, o Brasil, por enquanto, não deve seguir os passos da Rússia. Segundo Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, é bem provável que para este ano nenhuma verba seja destinada ao Fundo Global. "O fundo está passando por dificuldades porque alguns países ricos, com a crise financeira, deixaram de contribuir. Ainda assim, não achamos justo que países como a Índia, por exemplo, arquem com a conta", diz Barbosa. A principal ajuda ao fundo será não receber mais dinheiro. "Apesar de sermos elegíveis para a continuidade desses financiamentos, não vamos apresentar propostas para isso. Essa é uma forma de ajudarmos a sanar a crise que o fundo enfrenta", diz Jarbas Barbosa.
Segundo o secretário, o Brasil já colabora com alguns órgãos internacionais. Em 2011, a prioridade estabelecida foi a Aliança Global de Vacinas e Imunização (Gavi, sigla em inglês), que recebeu 20 milhões de dólares do Brasil. Outros 12 milhões de dólares foram destinados ao Unitaid (um fundo para a compra de remédios por países pobres), que trabalha complementando o Fundo Global. Para alguns países da África e da América Latina, serão enviados em 2011, em recursos como antirretrovirais, mais 10 milhões de dólares. "Mas nada impede que, em 2012, a gente possa doar ao Fundo Global. Tudo depende de avaliações estratégicas", diz Barbosa.
Prevenção e tratamento — Só no último ano, 400.000 pessoas deram início ao tratamento antirretroviral por meio de programas apoiados pelo Fundo, somando, ao todo, 3,2 milhões de tratamentos. Para 2015, o objetivo é que um total de 15 milhões de tratamentos contra a aids sejam realizados – hoje, perto de 6,6 milhões de pessoas em todo o mundo recebem tratamento oferecidos por diversos órgãos de apoio internacional.

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