'Efeito China' muda percepção dos carros brasileiros

No mês passado, um dos temas mais comentados na internet envolvendo as quatro maiores montadoras brasileiras - Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford - foi a falta de competitividade dos carros dessas marcas quando comparados aos modelos chineses, que chegam ao mercado mais baratos e com itens não disponíveis nos nacionais, como airbag e freio ABS.
Pesquisa feita pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e pela empresa de comunicação Rapp mostra que o índice de satisfação dos internautas em relação aos produtos das quatro fabricantes caiu de 69,8% para 62% de abril para maio.
"A satisfação foi impactada pelas percepções negativas dos preços ou benefícios dos produtos ofertados", diz Ricardo Pomeranz, da Rapp. Segundo ele, vários comentários de consumidores sobre a entrada dos carros chineses geraram discussão sobre os preços dos carros nacionais.
A pesquisa mede o Índice Nacional de Satisfação do Consumidor (INSC), com base em todos os comentários que circulam pelas redes sociais abertas de comunicação. "Criamos uma ferramenta que seleciona os comentários sobre um grupo de empresas, os classifica como positivo e negativo e resulta no índice", explica Alexandre Gracioso, diretor nacional de graduação da ESPM. "É como se pedíssemos ao consumidor para dar uma nota de satisfação de 0 a 100 para um determinado produto."
O INSC avalia, atualmente, os comentários de 28 empresas dos setores de varejo, financeiro, informação e bens de consumo, subdivididos em lojas de departamento, supermercados, bancos, telecomunicação, indústria automobilística, bebidas e cuidados pessoais.
No total o índice, lançado em abril, caiu de 62,3% em abril para 61,3% no mês passado. Por segmento, a queda maior foi no automobilístico. Nos próximos meses, o INSC vai incluir mais 16 empresas dos setores de alimentos, eletroeletrônico e farmacêutico. A pesquisa também será feita em outros países latino-americanos, como Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela.
Efeito China. O "efeito China", como vem sendo chamado por alguns empresários do setor automobilístico, começa a provocar a concorrência.
Ontem, a Ford estendeu para todo o Brasil campanha inicialmente válida para São Paulo e Rio de venda do Fiesta 1.6 com ABS, airbag duplo, ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, entre outros itens, a R$ 37,9 mil na versão hatch e R$ 39,9 mil na sedã. São os mesmos preços cobrados pelos modelos da JAC, o J3 e o J3 Turin, importados da China, com vendas de 3.568 unidades em dois meses, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave).
A Ford afirma que estendeu a campanha para outros Estados após verificar grande aceitação no mercado, com alta de 263% nas vendas do modelo. "Diante do sucesso, resolvemos aumentar a produção desse catálogo e estender a promoção em todos os cerca de 500 distribuidores no País", diz Oswaldo Ramos, gerente nacional de vendas da montadora.
Juntas, as quadro grandes montadoras responderam por 71% das vendas de automóveis e comerciais leves no acumulado de janeiro a maio, participação que era de 74,1% em 2010 e de 84,2% em todo o ano de 2001.
As marcas chinesas, que não estavam presentes no mercado brasileiro naquele período, conseguiram abocanhar este ano fatia de 1,26% só com três empresas: a Hafei, a JAC e a Chery.
Veículos coreanos são hoje os que mais assustam as montadoras tradicionais. A Hyundai e a Kia tinham, juntas, 1,5% de fatia de mercado em 2003 e, neste ano, estão com 5,8%.

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