Greve leva trabalhadoras a pagar creche particular para os filhos

A paralisação dos servidores públicos municipais, que já dura 28 dias em Araraquara, fez com que muitas mães que dependiam dos Centros de Educação e Recreação (CERs) para deixar seus filhos e poderem trabalhar ou estudar, procurassem creches particulares nesse período. A decisão, tomada para que não tivessem de abandonar seus empregos para cuidar dos filhos durante a paralisação dos funcionários municipais, tem acarretado um gasto adicional no orçamento familiar de até R$ 300 no mês.

O diretor Cléber Lourenço, da Escola de Educação Infantil Malu, no Selmi Dei, Região Nordeste da cidade, conta que, desde o início da greve, já recebeu 18 crianças matriculadas em creches municipais. A diária da unidade custa R$ 30. "Os pais nos procuraram logo no começo da greve", conta.

A cabeleireira Maria Dilza dos Santos, de 56 anos, é uma das mães que optaram pelo serviço da escolinha particular. A filha dela estuda e trabalha e, como ela não pode ficar com o neto, Maria disse que pagou R$ 280 até agora para "hospedar" a criança na escola particular nesses dias. Ela, no entanto, espera ser ressarcida: irá apresentar a conta à Prefeitura e ao Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região (Sismar). "Não vou ficar com esse prejuízo. E tem muita gente fazendo a mesma coisa que eu", diz a avó.
Vagas
A Secretaria Municipal de Educação explica que nenhum CER fechou durante a greve; entretanto, foi adotada a estratégia de só receber crianças nas unidades se o agente educacional responsável por ela estivesse trabalhando. A ideia era manter a rotina de quem permaneceu trabalhando e não fomentar a adesão. "Antes, era feita a divisão das crianças entre as agentes que continuavam trabalhando, aumentando a carga de trabalho. Isso fazia com que elas também aderissem à greve", explica o secretário Orlando Mengatti Filho.

Segundo o órgão, hoje estão parados cerca de 160 agentes educacionais, sendo 120 dos berçários e 40 do setor de recreação.

O presidente do Sismar, Valdir Teodoro Filho, alega que compete à Prefeitura assegurar a vaga da criança nos CERs, e não aos servidores. Ele diz que o Sindicato reconhece o direito do cidadão à educação infantil e sugere a quem se sentir prejudicado procurar o Juizado da Infância e Juventude para ter seu direito garantido. "A criança tem a vaga, não o servidor. E se a agente educacional ficar doente ou deixar de trabalhar, a criança também não poderá ser recebida na creche? Eles fazem isso para jogar os cidadãos contra o movimento de greve", diz.
Paralisação será julgada hoje pelo TRT de Campinas
Hoje, a partir das 13h30, os 12 desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho, sob a presidência do desembargador Lourival Ferreira dos Santos, julgarão se a greve em Araraquara é ou não abusiva.

Caso a paralisação seja considerada abusiva, a Prefeitura terá o direito de descontar os dias parados dos servidores que aderiram ao movimento.
Isso não significa que os funcionários terão de retomar suas atividades - a volta ao trabalho será discutida em assembleia marcada para amanhã, às 9 horas, na Praça Pedro de Toledo.
Manifestação
Ontem, os servidores públicos em greve fizeram uma passeata pelas ruas da cidade em apoio aos bombeiros do Rio de Janeiro, que estão em greve por melhores salários - atualmente, a classe recebe menos de R$ 1 mil e reivindica um salário-base de pelo menos R$ 2 mil.
Greve local
A greve dos servidores públicos municipais foi deflagrada no dia 10 de maio e, na audiência de conciliação ocorrida no dia 16, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Campinas não houve acordo entre as partes.

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