Mais: com essa morte, a média de óbitos no trânsito da cidade em 2011 agora é de um acada 11 dias.
A vítima ontem era uma jovem que trabalhava no Hospital Estadual de Américo Brasiliense (Heab) e deixava a faculdade, onde cursava o 2º ano de Enfermagem, quando perdeu o controle da moto, uma Honda Lead de 108 cilindradas.
Segundo uma testemunha, o veículo se desgovernou antes de colidir contra uma árvore e um poste de concreto usado na iluminação pública. O local da batida fica a poucos metros da casa de Naiara, que foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.
Os números do levantamento da Tribuna do qual Naiara agora faz parte cruzam os acidentes na área urbana e rodovias do município. A Secretaria Municipal de Trânsito analisa somente a sua área responsável e, por isso, a estatística nivela o quadro para baixo.
Com relação aos dados do ano passado, os números são idênticos: 14 acidentes fatais entre os dias 1º de janeiro a 1º de junho nos dois anos. Este ano, das 14 mortes, oito foram na área urbana e 11 eram homens. Sete estavam em motocicletas. Em 2010, 16 pessoas morreram em 14 acidentes fatais; cinco foram dentro da cidade.
Para o coronel Cid Monteiro de Barros, secretário municipal de Trânsito e Transportes, a diferença dos dados - oficiais e computados pela reportagem - é que, se a vítima morre depois do registro do fato, o Boletim de Ocorrência (BO) não é alterado. Mesmo assim, a Secretaria faz um levantamento para apurar possíveis falhas de engenharia em todos os acidentes graves ou fatais. "Vamos lá para ver o que aconteceu. Ver a causa em si para que isso não se repita. Mas, a maioria, pelo que apuramos é mesmo imprudência."
Média de acidentes
Além das 14 mortes, outro número impressiona: o total de acidentes, com apenas dados computados pela Secretaria de Trânsito (ou seja, sem os casos nas rodovias e vias de acesso). De janeiro a abril deste ano, a cidade contabilizou 1.485 acidentes, sendo 1.044 sem vítimas e 441 com algum ferido. A média corresponde a 12 acidentes ao dia ou um a cada duas horas.
Os dados de 2010 não foram divulgados porque a Secretaria alegou precisar de mais tempo para fazer o levantamento.
Especialista culpa frota e condição do asfalto
José Bernardes Felex, especialista em transporte da Universidade de São Paulo (USP), acredita que o número de acidentes de trânsito em Araraquara é alto. Entre os fatores que contribuem para o número estão o aumento da frota - Araraquara tem quase 130 mil veículos, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a redução da fiscalização da Lei Seca e a imprudência e a impaciência dos jovens motoristas. "Infelizmente, essa é uma realidade e muitas dessas vítimas fatais conduziam motos em vias cada vez mais deterioradas, com buracos e sem modificações para os novos tempos."
