Na Vila Xavier, Zona Leste da cidade, no cruzamento com a Avenida 22 de Agosto com a Rua Princesa Isabel, há uma valeta de grande profundidade. A equipe da Tribuna mal havia descido da viatura para fotografar e o primeiro carro que passou pelo local, em baixa velocidade, raspou a parte dianteira ao transpor o obstáculo.
Na sequência, o motorista de uma van escolar reclamou do abandono das vias enquanto manobrava o veículo sobre a valeta. "Os políticos sabem pedir voto, mas cumprir o que prometem, não", disse. Muitos outros motoristas reclamaram ao verem a equipe no local.
O vendedor Marco Antônio Carnaz, de 56 anos, tem sua empresa instalada nessa esquina e perdeu a conta dos veículos que batem no obstáculo todos os dias. "A cada minuto alguém raspa aí. Ouviu? Mais um", diz, enquanto responde à reportagem.
O filho dele, Lucas Carnaz, 26, diz que uma equipe da Prefeitura tentou nivelar o local, mas não houve sucesso. "Jogaram um pouco de asfalto, que logo abriu. É impossível deixar como está. Meu carro fica dentro do buraco. Tem que quase parar para não pegar embaixo", desabafa.
Situação semelhante encontram os motoristas que trafegam pela Avenida Gastão Vidigal com a Rua das Violetas, no Jardim Primavera, na Zona Norte. Uma valeta profunda e partes do asfalto arrancado pela passagem dos carros dificultam o tráfego.
O aposentado Delmo Prado Oliveira, 70, mora em frente ao cruzamento. "Tem certas pancadas que dá para se ouvir de casa, mas, de certa forma é até bom, pois obriga o motorista a reduzir a velocidade", opina.
Muitas outras vias da cidade, em diversos pontos, sofrem com o mesmo problema, que não se restringe a bairros periféricos ou centrais. Pontos da Alameda Paulista, Rua Castro Alves e Avenida Padre Francisco Salles Colturato (36), importantes vias de escoamento e ligação da cidade, têm esquinas críticas.
Justificativa
O secretário de Obras da Prefeitura, Valter Rozatto, aponta que a prioridade nas valetas é garantir o escoamento de água para evitar pontos de alagamento. "Além disso, ela é até bem-vinda, pois força o motorista a ir devagar no cruzamento", aponta Rozatto.
Mesmo assim, o secretário garante que denúncias de ‘supervaletas’ irregulares podem ser feitas. Um engenheiro agrimensor é encaminhado ao local e avalia a profundidade. "Se for topograficamente possível, é feito o ajuste sem prejudicar a via e o escoamento de água", diz.
Rozatto diz que várias dessas valetas irregulares passam por reforma. "Uma das que mexemos recentemente está no cruzamento da Rua dos Libaneses com a Avenida Barroso, no Santana", frisa.
Custos com danos chegam a R$ 1,5 mil
A parte mais sacrificada do veículo que cruza valetas profundas é a suspensão, composta pelo conjunto de amortecedores, bandejas e batentes. Todo o impacto sofrido pelo automóvel é absorvido por esse equipamento. A manutenção é bastante cara no caso de danos. O dono de um carro popular, por exemplo, pode gastar até R$ 1,5 mil para trocar as suspensões dianteira e traseira com peças originais.
O mecânico Walter Parelli Júnior explica que o motorista precisa ter muito cuidado ao atravessar esse tipo de obstáculo. "O carro tem de passar reto e bem devagar. Manobrar sobre a valeta é muito prejudicial. Essa torção danifica o chassi", explica.
Parelli diz receber muitos carros com a suspensão danificada por valetas e buracos. "Elas acabam com a parte de baixo do veículo", conclui.
