Bairros São José e Melhado sofrem com mau cheiro de empresas naquela região

Os moradores dos bairros São José e Melhado, na Zona Sul, enfrentam problemas com o mau cheiro provocado por resíduos de indústrias do entorno e em uma estação de tratamento de efluentes (ETE).

O gráfico Antonio Jair Leme, de 58 anos, morador do São José, conta que, em determinadas ocasiões, o cheiro é tão ruim que chega a tirar o apetite". O comerciante Marcos Aurélio do Vale, 43, diz que nos finais de semana é comum ver manchas pretas na água do Ribeirão do Ouro, que corta o bairro. "Durante a semana, a água tem cor normal, mas no sábado escurece."

Segundo o pneumologista Eduardo Henrique Bonini, se existe mau cheiro, existem partículas no ar que entram pelo nariz e vão até os brônquios, e elas provocam processos inflamatórios, como bronquite, sinusite e rinite. Para se protegerem, as pessoas podem lavar as narinas com solução fisiológica.

Chamado para verificar a denúncia, José Jorge Guimarães, gerente da Agência Ambiental da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de Araraquara, diz que a fiscalização no local é constante e que já houve várias notificações e até multas para as empresas. Mas, nesta semana, o problema foi pontual.

Análises da água do Ribeirão do Ouro indicaram resultados dentro dos padrões legais. O odor, no entanto, deve-se à falta de chuva e a um fenômeno muito comum no inverno, denominado "inversão térmica". Ele consiste na formação de uma camada de ar frio sobre o ar quente próximo ao solo. Isso dificulta a dispersão de gases pela atmosfera e intensifica os odores.

Multas
Guimarães conta que a Cervejaria Heineken recebeu uma notificação da Cetesb há cerca de três anos e, desde então, não houve mais ocorrências. A Cutrale, por sua vez, já recebeu duas advertências e seis multas desde 2008, que juntas somam mais de R$ 300 mil.

Diante disso, de acordo com Guimarães, a Cutrale decidiu mudar a Estação de Tratamento de Efluentes para uma área rural distante seis quilômetros da atual. O cronograma das mudanças foi apresentado à Cetesb em janeiro e a desativação está prevista para até 21 de julho de 2013.

O diretor de relações trabalhistas da Cutrale, Carlos Otero, confirma a existência de um projeto de mudança da Estação de Tratamento de Efluentes, mas desconhece local e datas. Ele ainda diz que a empresa não joga nenhum resíduo no Ribeirão do Ouro. Ao contrário: devolve ao meio ambiente uma água melhor do que a que recolheu.

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