Cooperativa Acácia quer revisão de contrato com o Daae

A cooperativa Acácia, responsável pela coleta e separação de dez toneladas de lixo reciclável por dia em Araraquara, quer rever algumas cláusulas do contrato com o Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara (Daae) com o objetivo de melhorar a produtividade e corrigir a defasagem no valor pago aos cooperados.

O contrato anual vence em 21 de agosto, véspera do aniversário da cidade, e, até ontem, apesar da iniciativa da cooperativa em negociar, o Daae não havia se posicionado sobre a possibilidade de mudanças. "Não há diálogo. Nos falamos por ofícios", diz Helena Francisco da Silva, presidente da Acácia.

Pelo acordo vigente, a cooperativa tem duas fontes de receita: uma é o repasse mensal fixo do Daae, reajustado anualmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) no valor de R$ 86 mil, e a outra é referente ao valor arrecadado com a venda de recicláveis, que gira em torno de R$ 37,5 mil, atualmente, e dos quais 20% retornam à autarquia. Desta forma, o primeiro recurso representa quase 75% da receita da cooperativa.

Uma das reivindicações da Acácia é que o repasse do Daae seja vinculado ao número de cooperados e ao volume processado pela cooperativa. "Nada mais justo. Eles (a Prefeitura) não pagam por peso à Leão Ambiental pelo lixo que vai para o aterro de Guatapará?", questiona Helena.

Atualmente, caso o volume de lixo reciclável coletado e o número de trabalhadores da Acácia aumentem, cada cooperado receberá menos, já que o valor de revenda do material separado está nos mesmos níveis de 2007 e o repasse do Daae é fixo. "Em 2008, o contrato garantia R$ 600 por cooperado. Hoje, paga R$ 430", explica a presidente da Acácia. "Somando com a venda, cada cooperado está recebendo hoje em dia cerca de R$ 530", completa.

Outro pedido de revisão contratual diz respeito aos 20% pagos ao Daae sobre a venda dos produtos recicláveis. A cooperativa quer que esse valor retorne em melhorias para o local de trabalho (infraestrutura, equipamentos) ou que o Daae abra mão do percentual. "Afinal de contas, eles não abriram mão do dinheiro da taxa do lixo para quem se comprometer a reciclar?", pergunta Helena.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Daae informa que responderá aos questionamentos da reportagem hoje.
Grupo recebeu recursos da Funasa para contornar problemas com produtividade
A Cooperativa Acácia está trabalhando há mais de um ano em sua capacidade máxima, como já havia mostrado uma matéria publicada na Tribuna Impressa em julho de 2010. Materiais coletados pela cidade espalham-se por todos os lugares, inclusive nas ruas de acesso dentro do espaço usado pela Acácia no aterro sanitário. "Em um ano, nada melhorou. Não estamos dando conta", relata a presidente Helena Francisco.

Para contornar parte da dificuldade em melhorar a produtividade, a cooperativa buscou uma solução por iniciativa própria — conseguiu R$ 198 mil a fundo perdido com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) destinados à aquisição de um veículo para coletar óleo, uma picotadeira de papel mais potente, uma prensa autoalimentável e uma empilhadeira.

Helena explica como a utilização deste maquinário irá ajudar. "O óleo, quando se mistura com outros materiais como papelão, deprecia o valor de venda. Com o veículo próprio perderemos menos. No caso da prensa, ela faz o trabalho de quatro das prensas que temos atualmente, o que vai agilizar o trabalho. E, com a empilhadeira, poderemos armazenar parte do material que hoje fica exposto ao tempo, evitando prejuízos também, como no caso dos jornais, que perdem o valor por ficarem no sol e na chuva."
Orientação
Ela ressalta que para conseguir coletar e separar mais material sem precisar de mais cooperados, o grupo também precisa de orientações técnicas. "Queremos aprender como produzir mais", pede. "Se o volume coletado aumentar como quer a Prefeitura, não conseguiremos separar e processar tudo. Precisamos urgente de melhoria nesta área", diz.

Portal Araraquara Hoje

Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara