O contador e administrador Augusto César Carvalho Barbosa de Souza nem
sequer chegou a tomar posse na Diretoria de Administração e Finanças do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ele foi
desconvidado dentro da política de limpeza determinada pela presidente
Dilma Rousseff no setor de Transportes, atualmente sob suspeita de
envolvimento em irregularidades que já derrubaram o ministro Alfredo
Nascimento e outros seis membros da cúpula da Pasta ligados ao PR.
Por meio de ofício publicado na segunda-feira, 18, no Diário Oficial
da União, a presidente Dilma Rousseff pediu ao Senado a retirada de
pauta do nome de Souza, que ela própria havia indicado para o cargo por
sugestão do ex-chefe de gabinete do Ministério Mauro Barbosa, um dos
primeiros afastados após a onda de denúncias. Ele seria sabatinado no
último dia 7 de julho pela Comissão de Serviços de Infraestrutura do
Senado, à qual compete chancelar as indicações presidenciais para o
Dnit.
A unção de Souza parecia favas contadas - tinha até relatório
favorável do senador Blairo Maggi (PR-MT), aprovado na comissão, que o
definiu como "qualificado para assumir o cargo". Mas a escolha deu para
trás após a divulgação das denúncias, no início do mês. Com
especialização em administração pública, Souza é oriundo da
Controladoria Geral da União (CGU), onde exerceu funções de chefia,
entre as quais a de coordenador-geral da área de Contas do Governo.
Desde 2006, Souza é ouvidor do Dnit e, a partir de 2008, passou a
acumular também o cargo de corregedor da instituição, encarregado de
investigar e punir responsáveis por desmandos. Agora, de investigador
ele passa à condição de investigado pela CGU, que realiza uma auditoria
minuciosa em todos os contratos da Pasta. Souza não quis se manifestar
sobre o desconvite. A assessoria do Dnit informou que a escolha ou
retirada de nomes para a Diretoria do órgão é de competência exclusiva
da Presidência.
Os próximos alvos da "faxina" serão conhecidos em breve, segundo
informações do próprio governo. O ministro Paulo Sérgio Passos reuniu-se
na segunda por mais de duas horas com a presidente no Palácio do
Planalto. Desde que assumiu o cargo, em 12 de agosto, ele vem anunciando
demissões cirúrgicas de dirigentes do setor a cada reunião com Dilma.
Mas nesta segunda-feira não se manifestou.
Está prevista a demissão - ou afastamento, entre outros ,- do
diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Luiz Caron, e do
presidente interino da Valec, estatal que cuida das ferrovias, Felipe
Sanches.