Inversão térmica causa mau cheiro em Araraquara e região

Usinas podem ser potenciais geradoras de emissão de odores. No destaque, José Jorge Guimarães, gerente da Agência Ambiental da  Cetesb de Araraquara

O engenheiro e gerente da Agência Ambiental da Cetesb de Araraquara, José Jorge Guimarães, 55, explica que há duas situações para que o que está ocorrendo: no inverno acontecem duas coisas ao mesmo tempo: primeiro é o frio e segundo não chove.
Com isso o frio intensifica uma característica importante que é uma dificuldade de dispersão de poluentes, chamada de ‘inversão térmica’.
No caso, tudo que sai da atmosfera fica contido aqui, pois tem um divisor de massa fria e massa quente, sendo que a fria não deixa dispersar o poluente.
Ele explica que no verão toda a emissão, seja das indústrias, do sistema de tratamento, da aplicação de vinhaça, que pega uma parte do verão ou final do inverno se dispersa com facilidade. Entretanto, nesse período do ano, para a vinhaça (resíduo da fabricação de álcool) existe uma metodologia que segue uma norma da Cetesb de se aplicar a mesma como ferti-irrigação, tendo que ser mais de um quilômetro da cidade.
E mesmo se obedecendo a essa metodologia aparece um residual de odor, normalmente de curta duração, geralmente de uma a uma hora e meia, das 17 às 19 horas. “Não é que esteja sendo aplicado fora dos padrões legais, é que nesse intervalo das 17 às 19 horas como tem essa propriedade metereológica, a inversão térmica, que se caracteriza por dificuldade de dispersão de poluentes”.

Mix de odores
Nos últimos seis dias está havendo essa situação de ‘mix de odores’. “Nós temos aqui na área de Araraquara três grandes usinas de açúcar e álcool, três empresas alimentícias, uma cítrica, outra que trabalha com produtos de leite e outra com produtos de cervejaria. Todas essas empresas são potenciais emissoras de poluentes que no verão se dispersam com facilidade e no inverno tem essa dificuldade.”
De acordo com Guimarães, o critério utilizado pela Cetesb é esperar passar essa faixa de dificuldade, de dispersão para ver se continua a emissão e se mesmo nessa faixa a emissão for muito significativa e intensa a Cetesb começa  a agir. “Nós ainda não tivemos um episódio crítico de odor. Na terça foi sentido em toda cidade, principalmente na região do bairro do Quitandinha, na área central, na 36 e Selmi Dei. No sábado à noite eu mesmo senti um cheiro muito forte e cheguei a identificar o odor da vinhaça muito distante. De qualquer forma, vamos ficar atentos para caracterizar a fonte”.
Guimarães ressalta que estão solicitando das empresas que distanciem mais a aplicação de vinhaça, mesmo com a norma, estamos pedindo de 2 a 3 quilômetros e estão atendendo. Estamos pedindo para as demais empresas alimentícias que cuidem de seu tratamento com muito mais empenho para que não ocorram episódios críticos de geração de odor, pois o objetivo nesse momento é o de orientar as empresas a continuarem produzindo sem levar fortes multas, a menos que se mostre irresponsável e não atenda à Cetesb nessas solicitações preventivas.
Ele também conclama a comunidade para que se houver episódio crítico que a Cetesb seja acionada para que possam aplicar a legislação que, dependendo do caso, pode ser de 300 a 5 mil UFESP (cada unidade vale R$ 17,45). “Eu tive hoje (ontem) um episódio de forte geração de odor em Bueno de Andrada, aplicação de vinhaça, por conta dessa questão de inversão térmica. Então, não está sendo somente em Araraquara, mas também na região”.
Ele afirma que estão fazendo no momento um trabalho de orientação, mais preventivo, e se continuar a acontecer chegar a valores críticos a Cetesb vai autuar.
Guimarães também lembra que está proibida a queima da de palha da cana, das 6 horas da manhã até às 20 horas. A mesma é permitida das 20 horas até às 6 da manhã desde que o teor de umidade esteja acima de 20%. “A nossa rede telemétrica mede teor de umidade. Basta verificar pelo site: www.cetesb.sp.gov.br”.
O telefone da Cetesb é (16) 3332 2211. “O importante é que se divulgue a fonte do odor”.

Inversão térmica
O nome desse fenômeno que é intensificado no inverno é inversão térmica que se caracteriza pela formação, como se fosse um filme, que impossibilita a dispersão de poluentes. A poluição no caso, substâncias odoríferas, ficam retidas, ou mesmo fumaça, etc, abaixo de uma camada fria de baixíssima temperatura que se forma, principalmente, das 17 às 18, 19, 20 horas e de manhã que é das 5 até às 8 horas da manhã. Nesses horários é observada a presença de odor que não se dispersou, enquanto que no verão isso não acontece.

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Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara