MP investiga uso de bares e estacionamento da Arena da Fonte

Ministério Público quer ter acesso aos contratos para exploração dos bares e os valores obtidos com o estacionamento


O Ministério Público (MP) abriu inquérito civil para investigar a gestão da Arena pela Morada do Sol Turismo e Eventos S/A. Os questionamentos são sobre a exploração dos bares, do restaurante e do estacionamento do Complexo Municipal da Fonte Luminosa, que inclui a Arena Multiuso.

A investigação foi motivada pela denúncia de uso da Arena por um vereador da cidade, o que se comprovou depois tratar-se de um evento da Câmara Municipal em situação regular.

O promotor Raul de Melo Franco Junior encaminhou dois ofícios à empresa de economia mista. "As primeiras informações fornecidas pela empresa não foram suficientes, então fiz um novo ofício mais específico", explica o promotor responsável pelo caso.

Neste segundo ofício, ele pede à administração da Morada do Sol que encaminhe as licitações feitas para exploração dos espaços, a cópia dos contratos de exploração dos bares nos eventos nos quais eles foram abertos, os valores obtidos com a exploração do serviço e se houve repasse para a Fundação de Amparo ao Esporte Amador de Araraquara (Fundesport), conforme diz a lei.

A presidente da Morada do Sol, Eneida Miranda de Toledo, não quis comentar as informações solicitadas no último ofício do MP alegando que não teve acesso ao documento. "Ainda não recebi este novo ofício. Prefiro não me manifestar sobre ele agora", declara.

Todavia, ela esclareceu à reportagem como se dá a exploração dos serviços e afirmou encontrar dificuldade para conseguir transformar a Arena em um espaço lucrativo.
Licitação
Segundo a presidente da Morada do Sol, houve duas tentativas de contratar uma empresa para explorar permanentemente os bares do estádio. Nenhuma das duas licitações abertas, no entanto, recebeu propostas de interessados, apesar de sete ou oito empresas terem retirado o edital, segundo ela.

Eneida afirma que, em conversas informais com os empresários, ficou claro que as empresas não tinham todos os documentos necessários para participar das licitações ou não vislumbraram lucro. "Explorar estes bares não é um bom negócio. Não há calendário regular de eventos, os jogos têm público pequeno, então fazemos um contrato para cada evento", diz.

A cobrança pela utilização do bar é feita por público pagante. "Cobramos R$ 0,50 por pagante, o que dá uma média de R$ 450 por jogo da Ferroviária", exemplifica. "O faturamento do estacionamento é todo da Morada, uma arrecadação que varia de R$ 500 a R$ 1,2 mil por jogo, dependendo da fase do time", completa.
Repasse
Sobre o repasse de recursos para a Fundação de Amparo ao Esporte Amador de Araraquara (Fundesport), Eneida explica que é o contratante do evento quem deve destinar parte da arrecadação com bilheteria para o órgão municipal. Como a Morada do Sol S/A não fica com a bilheteria dos eventos, não há o que repassar.
Empresa busca alternativas para ter agenda
Falta de calendário regular de eventos, alto valor de investimento para exploração do restaurante, necessidade de cobertura especial do gramado (com custo alto) para eventos grandes e limitações de infra-estrutura na cidade foram algumas das explicações de Eneida para justificar o baixo índice de utilização da Arena. "Mas estamos em constante busca por alternativas", alega. Uma delas é a mudança de algumas cláusulas da licitação para a exploração dos bares. "Queremos flexibilizar a licitação para ver se atraímos mais interessados."

Jogos de times grandes também seriam uma opção. "Mas é difícil, pois temos limitações, como o aeroporto e a rede hoteleira da cidade", justifica.

Produtores de shows musicais também não se interessam pela Arena, de acordo com Eneida, pela necessidade de cobertura do gramado a um custo de R$ 45 mil para ocupar apenas metade dele. "Estamos com uma nova proposta de utilização de parte dos fundos do estádio para shows de até dez mil pessoas, usando o espaço do restaurante como camarote e o gramado só até a pequena área", antecipa a presidente.
Nas palavras de Eneida, "a Arena só deixará de ser subutilizada quando a cidade tiver um time de primeira".

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