Nos últimos dez anos, a renda do araraquarense
cresceu 28%. Segundo a pesquisa "Os Emergentes dos Emergentes",
elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atualmente, o ganho médio
por pessoa, na cidade, está em R$ 1.118. Em 2000, o valor registrado
pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) corresponde a
R$ 872 — valor atualizado pela reportagem com o auxílio de economistas,
levando em conta a inflação acumulada em 101%, na última década,
segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na época, a renda média de R$ 436,50 do araraquarense correspondia a 2,9
salários mínimos. Hoje, o valor computado pela FGV corresponde a 2,01
salários. A diferença explica-se porque o salário mínimo valorizou-se
81% acima da inflação no período.
Ranking
Esse quadro coloca Araraquara na 67ª posição entre os cem municípios
brasileiros com maior renda. No ranking estadual, a cidade está na 25ª
posição, à frente de Rio Claro e Sumaré e a atrás da vizinha São Carlos,
que teve posição ligeiramente superior, com renda média de R$ 1.173.
O ganho maior, segundo especialistas, reflete a melhora na distribuição
de renda, que, na cidade, foi impulsionada pela ampliação da oferta de
empregos.
De fato, na última década, o número de trabalhadores com carteira
assinada cresceu quatro vezes mais que o total da população. Em 2000, de
182 mil habitantes, 41.361 eram empregados com carteira assinada.
Atualmente, há 67.259 contratados formais entre 208 mil habitantes,
segundo dados do Ministério do Trabalho e do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a FGV, programas de transferência de renda, como a Bolsa Família, também contribuíram para este desempenho.
Consumo consciente
O professor de história Douglas Bortolani, de 31 anos, engrossa a
lista dos moradores que passaram a ganhar mais. No entanto, ele acredita
que o poder de compra aumentou menos que o custo de vida. "Os itens
essenciais consomem cada vez mais a nossa receita. Por isso prefiro
poupar para trocar a moto e comprar um terreno", diz.
‘Bom momento econômico não elimina desafios’
Para o economista Valdemir Pires, professor da Universidade Estadual
Paulista (Unesp), Araraquara segue uma tendência nacional originada com a
"estabilidade" econômica trazida pelo Plano Real. "O Brasil avançou e
Araraquara está caminhando junto", pontua.
Ele aponta, porém, que a cidade conta com certas particularidades que
lhe garantem um desempenho diferenciado, como o crescimento de 170% na
geração de novos postos de trabalho registrado nos cinco primeiros meses
deste ano, em comparação com o mesmo período de 2010.
No município, o setor imobiliário movimenta cerca de R$ 300 milhões na
economia local. Outro ponto positivo são os investimentos de grandes
empresas, como Lupo S/A, Big Dutchman e o frigorífico Minerva.
Apesar disso, para o economista, existem problemas sociais e econômicos
ainda a serem superados pela cidade, como a desigualdade na distribuição
da renda. "Melhorar a renda não exclui os problemas e Araraquara tem
todos os problemas comuns a uma cidade em processo de desenvolvimento",
afirma.