Em pleno inverno, casos de dengue sobem 12% na cidade

Agentes do combate à dengue fazem arrastão na Vila Xavier (Foto: Lucas Tannuri)
Agentes do combate à dengue fazem arrastão na Vila Xavier



Os dados da Vigilância Epidemiológica divulgados ontem só reforçaram a informação de que Araraquara vive a sua terceira e pior epidemia de dengue. Segundo as atualizações dos números de adoecimentos na cidade, já foram registrados 2.372 casos da doença em Araraquara. No final de junho, eram 2.106 casos. A alta de 12% em 40 dias é considerada atípica por causa do período do ano — frio e seco, tempo considerado adverso à proliferação dos mosquitos.

O órgão público diz ainda que, além dos 266 novos casos, outros 250 aguardam resultado do exame comprobatório para a dengue. O fator que alarma é a continuidade da proliferação da doença mesmo no inverno, com condições adversas ao vetor. O tempo frio e seco aliado à estiagem diminuiria o registro de casos.

Para combater a doença, o coordenador executivo de Vigilâncias em Saúde, Feiz Mattar, explica que os agentes que fazem o controle de vetores da cidade passaram por treinamento nesta semana. "Reforçamos as normas e faremos algumas mudanças no decorrer dos dias para continuarmos a luta contra essa doença", diz.

A principal mudança que a Vigilância Epidemiológica implanta a partir da próxima semana é a criação de uma equipe extra de trabalho. Mattar conta que ela atuará como uma espécie de ouvidoria. "Eles vão trabalhar especificamente com reclamações de moradores e junto aos imóveis de imobiliárias", revela.

Até o fim desta semana, também haverá reorganização das equipes. O foco do trabalho se dará no casa a casa até meados de novembro, quando o período das chuvas retorna. "Vamos atuar nas residências com o bloqueio e, se necessário, com nebulização até o fim do ano", estima o coordenador.

As equipes estão atualmente nos bairros do Jardim das Estações, Victório de Santi, Tamoio, Hortênsias, Brasil e Dom Pedro. Os agentes também distribuíram areia sanitária em pontos estratégicos da cidade, como supermercados e shoppings, orientando a população a colocá-la nos pratos dos vasos de planta para evitar acúmulo de água.

‘Epidemia pode não abrandar’, diz especialista
A enfermeira-chefe da Vigilância Epidemiológica do Serviço Especial de Saúde de Araraquara (Sesa), órgão vinculado à Universidade de São Paulo (USP), Marta Inenani, observa os altos números de casos de dengue na cidade no inverno como uma alerta para o risco de a epidemia não abrandar por longos períodos. Com isso, a doença pode fatalmente sair de controle. "Corremos seriamente o risco de engatar uma epidemia na outra", diz, taxativa, a profissional.

Os casos que persistem em condições climáticas adversas, como no inverno — tempo frio, seco e com estiagem —mostram que muitos criadouros ainda estão ‘na ativa’. "Mesmo no inverno, há proliferação. O ovo do Aedes aegypti pode ficar até um ano no tempo seco. Quando vê a primeira oportunidade, com umidade, por exemplo, ele eclode", explica.

Assim, apenas a eliminação completa dos criadouros é suficiente para erradicar a doença. "Por isso, além do trabalho dos agentes, cada morador é fiscal. Pode parecer que, sem água, não há dengue. Mas os ovos estão apenas aguardando", conclui.

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Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara