Etanol vai a R$ 1,99 e volta a perder vantagem sobre gasolina

Abastecer com etanol — ou álcool combustível — não compensa em um a cada três postos de abastecimento de Araraquara. A reportagem da Tribuna percorreu ontem 27 estabelecimentos e constatou que o custo do litro de álcool variava entre R$ 1,68 e R$ 1,99, enquanto o da gasolina oscilava entre R$ 2,44 e R$ 2,69.

E vem mais aumento por aí. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), os postos da cidade devem reajustar o preço do álcool em 10% nos próximos dias e o valor mínimo do litro deve ficar em torno de R$ 1,95.

Abastecer com etanol é economicamente vantajoso quando seu preço corresponde a, no máximo, 70% do valor do litro da gasolina. O percentual equivale ao rendimento obtido por um motor a álcool com um litro do biocombustível, em comparação com o de um veículo movido a gasolina.

Não há como evitar a próxima alta, de acordo com João Possi, presidente regional do Sincopetro. Nas usinas, o litro do combustível era cotado a R$ 1,21 (sem impostos) ontem, segundo ele, mas nas distribuidoras já era vendido a R$ 1,53. "Se não trabalharmos com uma margem de 30 centavos sobre o valor da refinaria, não há como manter o posto, não há lucro. Por isso, nos próximos dias, vai subir mesmo", afirma Possi.

A justificativa é o processo de elevação do preço iniciado pelas usinas para contrabalançar a produção menor e evitar a falta do etanol no mercado. A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) estima uma queda de 9% na produção do álcool combustível devido à quebra da safra da cana, 20% menos produtiva no período 2011/2012.

Com isso, neste ano, tanto o etanol hidratado (adquirido nos postos) quanto o anidro (acrescentado na gasolina) estão mais de 40% mais caros nos primeiros oito meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Metade dos consumidores já deixaram o álcool
Os consecutivos aumentos de preços fizeram o araraquarense reduzir o consumo do etanol. Hoje, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), sete em cada dez veículos da cidade são abastecidos com gasolina — antes era o inverso. O município possui uma frota de 132,5 mil veículos, dos quais 78 mil são carros.

A dona de casa Ana Fernandes Banhato, de 64 anos, está entre os consumidores que voltaram para a gasolina ao observar o valor do álcool combustível, ontem. "Meu marido faz as contas. Com esse preço abusivo, não dá para usar álcool", contou. A dona de casa Maria Aparecida de Araújo, 63, também escolhe com qual combustível abastecer conforme o preço observado nas bombas. "Hoje ainda acabei abastecendo com o álcool, mas já vi que está caro", afirmou.
Preços em Araraquara

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