Além disso, pacientes que dependem de uso controlado de medicamento estão sem o remédio porque não conseguem consulta para pegar receita.
O servidor público estadual Geraldo Guimarães, de 52 anos, é um dos mais de 50 prejudicadas pelo problema no atendimento de saúde. Ele está há dois meses sem pegar o remédio para controlar o colesterol, que é de uso regular e diário e de alto custo. Ele também sofre de diabetes e tem problemas de pressão arterial.
Ele afirma que outros 16 pacientes não estão recebendo o medicamento. "Também está faltando médico na unidade do Jardim Pinheiros. Desde o ano passado, eu estou esperando por uma consulta. Outras 50 pessoas estão na mesma situação e nenhuma previsão de atendimento foi passada aos usuários", fala.
Funcionários do PSF do Jardim Pinheiros que pediram para não ser identificados confirmam todas as informações. "Ninguém sabe quando isso vai ser resolvido. E como tem muita gente para atender, fica lotado todo dia de manhã aqui", fala uma servidora.
Ontem, a ajudante de serviços gerais Lidiani Cristina da Silva, 31, chegou à unidade do Jardim Pinheiros às 7h30 e só foi atendida ao meio-dia. "Está sempre lotado, isso quando não temos de voltar outro dia para receber atendimento."
Por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura, a secretária municipal de Saúde, Regina Barbieri, afirmou estar ciente do problema e diz que abriu concurso público para a contratação de médicos especialistas.
Segundo informações do edital de abertura do concurso, serão contratados 11 médicos para as áreas de clínica médica, endocrinologia, geriatria, neurologia clínica, psiquiatria e pediatria, entre outros. As inscrições seguem até o dia 8 de setembro e podem ser feitas no site do Instituto Brasileiro de Administração Municipal - http://www.ibamsp-concursos.org.br.
Confirmação
A secretária não informou quantos médicos atuam no PSF do Jardim Pinheiros, nem quantas pessoas estão sendo atendidas na unidade.
Atualmente, a cidade conta com 15 unidades do Programa Saúde da Família, que atendem a 28% da população da cidade. Na sexta-feira, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, estará em Araraquara para inaugurar mais cinco unidades, que deverão atender a mais 10% da população.
Falta especialista em Saúde da Família
Considerada uma especialidade relativamente nova — foi criada há 15 anos, a Saúde da Família ainda tem poucos especialistas no mercado de trabalho, não só em Araraquara, segundo o médico especialista no Sistema Único de Saúde (SUS) Rodolpho Telarolli Junior.
"Uma das nossas conquistas, e que talvez auxilie, foi a criação da residência em Saúde da Família na Santa Casa, mas são três anos para formar o profissional. O problema não vai acabar da noite para o dia."
Para driblar a falta de médicos nos PSFs e tornar a carreira mais atrativa, o Governo Federal vai criar alternativas para a jornada de trabalho dos profissionais. Além da opção de 40 horas semanais, eles poderão cumprir 20 ou 30 horas com remuneração reduzida. Essa alternativa, para Telarolli, poderia solucionar a falta de profissionais em curto prazo.
