Três anos depois, bolsões de entulho não saíram do papel

O plano de ampliação do número de bolsões de entulho do Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae) apresentado em 2008 ainda não saiu do papel. A autarquia queria, ainda naquele ano, abrir mais nove pontos de descarte de resíduo sólido na cidade, mas desde então apenas dois novos locais foram disponibilizados à população. Enquanto isso, a cidade conta com cerca de 30 áreas de despejo regular de material que funcionam de forma ilegal.
Na época do projeto, a cidade tinha quatro pontos de descarte de entulho - Parque São Paulo (Zona Leste), Santa Lúcia (Sudoeste), São Gabriel (Oeste) e Jardim Capri (Leste). Um ano depois, entraram em funcionamento Igaçaba (Noroeste) e Santa Angelina (Norte).
Hoje, a cidade ainda aguarda a disponibilização das áreas no Victorio de Santi (Sudeste), Selmi Dei (Noroeste), Jardim das Flores (Noroeste), Lupo (Noroeste), Vale do Sol (Noroeste), Maria Luiza (Norte) e Yolanda Ópice (Leste), locais anunciados no projeto de três anos atrás.
Segundo a superintendência do Daae informou por meio de nota, até o final deste ano será construído o bolsão do Selmi Dei. O custo para a execução da obra será de R$ 130 mil. Também está em fase de projeto, porém sem prazo de conclusão, a unidade do Victório de Santi, assim como as outras cinco unidades.
Ainda de acordo com a nota, o Plano Municipal de Saneamento da Daae está em elaboração, com previsão de entrega até o final desse ano. Ele seguirá as diretrizes do Plano Nacional de Saneamento, que inclui água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem urbana sustentável.
Arrecadação
A superintendência do Daae não explica os motivos para o entrave na construção dos pontos de entrega de volumosos. Mas o que a autarquia arrecadou com a taxa do lixo nos últimos oito meses - R$ 1.208.156,10 - seria suficiente para fazer dez bolsões ao custo médio de R$ 130 mil. A tarifa, no entanto, é destinada a outras áreas de gerenciamento de resíduos.
Os bolsões
Os bolsões são uma área adaptada para receber o descarte de pequenos volumes de entulhos ou materiais volumosos gratuitamente até um metro cúbico. Isso equivale ao que pode ser transportado por uma carroça ou veículo utilitário tipo caminhonete de pequeno porte.
Terrenos são depósitos "oficiais" em alguns bairros
Em 2009, a dissertação de mestrado da pesquisadora Isabela Maurício de Freitas para o Centro Universitário de Araraquara (Uniara) sobre resíduos sólidos da construção civil de Araraquara, mostrou que a cidade produzia ao menos 160 toneladas de resíduos por dia e a maioria do material era depositada nas margens dos rios, córregos e terrenos baldios.
Dois anos se passaram e nada mudou. A cidade tem cerca de 30 pontos fixos de descarte de entulho, segundo levantamento da Prefeitura feito no ano passado.
Em uma ronda realizada ontem, a reportagem encontrou focos de entulho e lixos no Jardim Maria Luiza, Parque Gramado (Leste) e Vila da Penha (Leste), que fica praticamente ao lado do bolsão de entulho do Parque São Paulo.
O aposentado Eugênio dos Santos, de 70 anos, já está acostumado com o entulho deixado na Avenida Presidente João Goulart, onde, para muitos, há um depósito quase oficial.
O pedreiro João Cristence, 53, fala o mesmo sobre uma área que ainda não foi asfaltada próxima a Avenida Antônio Milane, no Parque Gramado 2.
A limpeza dos terrenos pela Prefeitura Municipal é apontada como um dos maiores estimuladores. "De tempos em tempos, a Prefeitura vem aqui e limpa tudo, mas no dia seguinte os entulhos começam a surgir", explica Santos.
Já Cristence relata que mais de uma vez pediu para as pessoas que não deixassem o resíduo lá. "O pessoal não gostou muito da minha reclamação. O certo era ter um depósito de entulhos aqui no local, mas como não é possível, então paciência."


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