Os dados foram divulgados ontem, pelo delegado Edvaldo Ravenna Picazo, que credita o crescimento ao aumento das operações de fiscalização.
A suspensão da habilitação ocorre quando o condutor atinge 20 pontos de infrações ou devido a uma suspensão direta, quando o motorista comete uma infração gravíssima, o que implica a retirada da licença, independentemente do volume de pontos no prontuário.
"A maioria das suspensões foi por excesso de velocidade, flagrado pela Polícia Militar e pelos radares da cidade", diz o delegado.
Mesmo com experiência de 15 anos à frente da Ciretran, Edvaldo mostra-se impressionado com o aumento das suspensões de CNHs de um ano para outro. Se a tendência for mantida até dezembro, 2011 poderá ter 1,2 mil pessoas proibidas temporariamente de dirigir.
Segundo o delegado, dá para perceber o aumento no volume de pessoas que lotam quase todos os dias o setor de atendimento da Ciretran.
A maioria das suspensões recai sobre os motociclistas, flagrados em cima de motos com pneus quase carecas ou com a placa desbotada.
Licenciamento
Cresce junto com as suspensões de CNHs o número de apreensões de veículos, grande parte por irregularidades no licenciamento.
Enquanto em 2010 eram 30 apreensões de veículos por mês, a quantidade saltou para cem por mês, em operações realizadas nas principais avenidas da cidade.
"Fica bem complicada a recuperação porque o dono do veículo tem de arcar com as taxas do guincho, e o carro ou moto somente é liberado após o pagamento integral do IPVA e do licenciamento", comenta Ravenna.
A taxa média dos guinchos fica em R$ 100 e cada dia que o carro passa apreendido custa outros R$ 20.
E o delegado avisa que não será reduzido o rigor, porque o afrouxamento pode resultar em mais acidentes de trânsito e em mais vítimas.
800
É a quantidade de CNHs suspensas por excesso de infrações dos condutores de veículos em Araraquara, apenas neste ano
Mais alunos no CFC
O aumento de apreensões de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) nos últimos tempos tem lotado as salas de aula do Centro de Formação de Condutores (CFC) de propriedade de Celso Henrique Barbosa Pinto.
Em 2010, foram 661 alunos, enquanto em 2011, ano que nem terminou, a demanda subiu para 833 pessoas.
No 1º semestre de 2010, foram suspensas 311 CNHs, enquanto no mesmo período de 2011, foram 595 habilitações cassadas, um aumento de 91%.
Todas as pessoas temporariamente sem habilitação são obrigadas a passar pelo curso de reciclagem, conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro.
São necessárias 30 horas de aula, divididas em legislação de trânsito, direção defensiva, noções de primeiros socorros e relacionamento interpessoal.
No contato com os motoristas suspensos, Barbosa constatou que muitos poderiam escapar da punição se fossem mais prudentes. "Era só os motociclistas passarem a pilotar com a viseira do capacete abaixada, ou os motoristas usarem cinto de segurança e não atender celular enquanto dirigem", comenta Celso.
A mesma opinião tem o proprietário de autoescola Elcio Luís Borghi. Ele assegura que os instrutores sempre enfatizam aos alunos o respeito à legislação de trânsito. Porém, só depois de entregue a CHN percebe-se quem prestou atenção às instruções e está disposto a segui-las.
Eu vivi
"Eu fui punido pelo polícial militar porque estava como passageiro em um carro dirigido por uma pessoa não-habilitada. Como eu estava apenas com a permissão para dirigir, sem a CNH definitiva, teria de gastar tudo de novo para fazer um novo curso. Para não passar por tudo isto, procurei um advogado e recorri contra a multa. Tive de desembolsar uma grana, mas bem menos do que eu teria de gastar para passar de novo pelo processo de nova habilitação. Eu preciso de CHN para andar de moto de casa para o trabalho todos os dias."
Everton Oliveira Rosas
(Estoquista de supermercado)
Advogados especializam-se em recursos
Basta uma rápida pesquisa na internet para encontrar advogados especialistas em recursos contra a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CHN). Um dos profissionais mais procurados de Araraquara é Silvio Henrique Martiotto Barbosa.
Ex-funcionário da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), há quatro anos ele trocou de lado no balcão para defender os motoristas. Pelos cálculos dele, 80% da clientela é composta de pessoas que têm apenas a permissão para dirigir, ou seja, ainda não conseguiram a CHN definitiva.
A tática dos advogados é recorrer da multa primeiro na Ciretran, depois nas Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (Jari) e ,em último caso, na Justiça comum. O preço destas ações judiciais fica entre R$ 600 e R$ 800, em média.
