Bactéria da amigdalite provocou morte de irmãos em São Carlos

Marcos Vinicius Franzin Bizarro é novo secretário da saúde de São Carlos
Nem H1N1, nem meningite ou intoxicação alimentar. As mortes misteriosas dos irmãos André Brisolari, de 33 anos, e Alessandra Brisolari, 39, que colocaram São Carlos em alerta desde o dia 8 de setembro, foram provocadas pela bactéria Streptococcus pyogenes, segundo laudo do Instituto Adolfo Lutz divulgado na manhã de ontem, em coletiva de imprensa.

Na mesma cerimônia, foi apresentado o novo secretário de Saúde da cidade, Marcus Vinicius Franzin Bizarro. O professor Artur Pereira, nomeado em 2007, decidiu deixar o cargo há duas semanas, para dedicar-se exclusivamente às aulas na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a bactéria é comum e encontrada na região da garganta. É ela que provoca amigdalites e faringites, mas não costuma causar complicações.

No caso dos irmãos André e Alessandra Brisolari, de acordo com a pasta, eles demoraram a procurar um médico e, quando começaram o tratamento, a infecção já tinha atingido o sangue.

O quadro clínico de quem tem uma infecção provocada pela bactéria configura-se por febre, dor de garganta, dores no corpo e manchas na pele.
Em alerta

São Carlos ficou em alerta durante todo o período em que a morte dos irmãos ficou sem esclarecimento porque havia a suspeita de doenças transmissíveis, como meningite e Gripe A.

Nas últimas duas semanas, todos os pacientes que chegavam aos postos de saúde com os mesmos sintomas ficavam em observação e, caso não melhorassem em sete dias, eram internados na Santa Casa.

Na semana passada, uma mulher de 28 anos, cuja identidade não foi revelada, ficou internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com suspeita de estar com a mesma doença. Porém, ela já apresentou melhora e deixou a UTI no final de semana.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Carlos, é provável que a mulher tenha realmente o mesmo vírus dos irmãos Brisolari, porém, pelo fato de ter recebido atendimento médico imediato, a doença não se desenvolveu, nem se agravou. Ela deve ter alta médica assim que se recuperar, o que pode ocorrer dentro dos próximos dias.
18 dias
foi o tempo de espera pelo laudo com informações que esclareciam as razões da morte dos irmãos André e Alessandra Brisolari
Análise
Óbito pela bactéria é caso raro
A bactéria Streptococcus pyogenes geralmente é benigna e encontrada facilmente na garganta. Com um tratamento com penicilina, um dos medicamentos mais antigos do mundo, é controlada.

No caso dos irmãos, deve ter havido algum problema autoimune, como febre reumática e insuficiência renal, que atrapalhou os anticorpos e dificultou o tratamento. Morrer diretamente por conta desta bactéria é muito raro de ocorrer. Isso até pode acontecer, mas é muito difícil. Pelo fato de dois irmãos terem morrido com os mesmos sintomas, é provável que eles tivessem mecanismos genéticos comuns, com deficiência, mas a comprovação disso demanda uma pesquisa.

É sempre importante ressaltar que quando se tem alguma doença, deve-se procurar um médico e ficar de olho em todos os sintomas.

Fernando Belíssimo - Presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto

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