Índices de furtos mantêm-se após um ano de câmeras de segurança

Perto de completar um ano de funcionamento do sistema de monitoramento por câmeras das ruas de Araraquara, a média de furtos registrada na cidade permanece inalterada — acima dos 200 casos por mês, desde o ano passado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. A média de veículos furtados chegou a subir de 24 por mês no ano passado para 44 em agosto deste ano — quase o dobro.

Em dezembro do ano passado, durante os primeiros testes das 25 câmeras do sistema, o poder público anunciava que o equipamento seria uma ferramenta efetiva de combate ao crime na cidade e que os índices certamente cairiam, justificando o investimento de R$ 900 mil feito pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça.

Apesar do "cerco" da vigilância eletrônica, porém, a forma de ação dos bandidos e os números de ocorrências mostram que a criminalidade não recuou na cidade. Na quinta-feira passada, por exemplo, uma dupla de assaltantes sem máscaras levou um malote com R$ 58 mil de um posto bancário no meio da tarde, na esquina da Rua Padre Duarte e Avenida São Paulo, no Centro. Bem ao lado, há uma câmera da Central de Monitoramento.
Sem dados

O secretário municipal de Segurança Pública, Eli Schiavi, explica que a Secretaria não tem estatísticas para comprovar a eficácia do equipamento na redução da criminalidade porque a Polícia Civil — que usa as imagens para resolver casos — não informa quantos crimes foram solucionados com a ajuda do equipamento. O estudo será realizado somente a partir de dezembro deste ano.

Ele observa ainda que apenas três guardas municipais por turno vigiam as 25 câmeras. "Não há como eles darem atenção a todas elas a todo instante", diz.

Uma dificuldade do sistema é a baixa resolução das imagens, que dificilmente ajudam a identificar os bandidos. Ele afirma que há um novo pedido de verba ao Ministério da Justiça para bancar mais cem câmeras para os bairros com maior índice de assaltos, como Vila Harmonia — pedido foi feito pelos moradores no Orçamento Participativo.

Schiavi admite, porém, que o equipamento não inibe os criminosos. "As câmeras não têm a função de evitar crimes", diz.
Sociólogo sugere mais medidas de segurança

O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) José Santos dos Reis acha que o monitoramento de 25 pontos da cidade por câmeras tem de ser avaliado pela Prefeitura. ‘Para mim, o sistema não é preventivo, mas um instrumento que pode ajudar na investigação’, diz.
Para o pesquisador, além da aquisição do equipamento, ele acha que deve haver mais integração dos órgãos de segurança pública para ter mais eficácia no combate ao crime. ‘Mas isto não substitui o trabalho empenhado pelo policiamento ostensivo da Polícia Militar’, reforça.

O delegado seccional Fernando Giaretta acha que o sistema até ajudou a Polícia Civil em alguns casos, mas o ideal seria a instalação de mais câmeras em outros pontos do município.
Polícia Civil investiga assaltos
Toda a equipe da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) estava mobilizada ontem para desvendar a identidade da dupla de assaltantes que roubou R$ 58 mil de um posto bancário a 30 metros da Delegacia Seccional de Araraquara, na quinta-feira.

Como o sistema de câmeras do posto não tinha gravado a ação criminosa, o delegado seccional Fernando Giaretta pediu as imagens do sistema de monitoramento e aguarda o envio delas.

O mesmo ocorre com outros casos da semana. No mesmo dia, dois homens assaltaram, com os rostos à mostra, um homem de 40 anos na Rua Pedro Martini, no bairro Santa Angelina, na madrugada de sexta-feira. Armados de revólver, eles renderam a vítima quando ela chegava de carro em casa. Depois de agredirem a pessoa com coronhadas, conseguiram levar R$ 6,5 mil em dinheiro, mais um notebook.

Na quinta-feira, após sacar R$ 7 mil em uma agência do Bradesco na Alameda Paulista, uma mulher foi assaltada na Rua Maestro José Tescari, no Jardim Paulistano, por uma dupla armada de revólver.

A Polícia Militar deverá intensificar o policiamento ostensivo na próxima semana, para tentar capturar os assaltantes e inibir novos crimes.
Monitoramento vs crimes
Sistemas de vídeo
Há instaladas 25 câmeras em Araraquara — Quatro delas têm foco fixo e 21 filmam em 180 graus.

Gastos
O sistema de monitoramento custou R$ 900 mil e foi bancado pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça

Furtos
2010 teve 2.692 casos
2011 registrou 1.658 crimes deste tipo até agosto

Furto e roubos de veículos
Em 2010, foram 292 ocorrências
Em 2011, chegou-se à marca de 237 casos em agosto

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Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara