Cairbar recupera-se com novo convênio e consórcio

O Hospital Psiquiátrico Cairbar Schutel, que vinha correndo o risco de fechar devido às dívidas e a um déficit mensal, conseguiu novo fôlego com fechamento de um contrato com a Prefeitura de Araraquara.

Além dos R$ 15.428,12 previstos no rateio entre as 25 cidades que utilizam os serviços da unidade, a Prefeitura aumentou para R$ 255 mil o valor do repasse mensal para a instituição — antes era de R$ 180 mil. "Com o novo repasse, deixamos de ter o déficit mensal", explica Nelson Fernandes Junior, diretor-presidente da Casa Cairbar, responsável pelo atendimento a dependentes de álcool e drogas e a pessoas com deficiência mental e problemas psiquiátricos.

Além do novo convênio, Fernandes Junior explica que a dívida do hospital com seus fornecedores, hoje perto dos R$ 2,1 milhões, deve ser refinanciada por meio do Caixa Hospital, programa do Ministério da Saúde que visa a financiar empréstimos com desconto direto da Parcela SUS. "Nosso último empréstimo, de R$ 1,8 milhão, já vem sendo pago por esse empréstimo diferenciado. Até agora pagamos 13 parcelas de R$ 50 mil. Agora, queremos juntar toda a dívida nesse financiamento e ficar com uma mensalidade de, no máximo, R$ 70 mil por mês, que é o valor conseguido com o rateio entre os municípios."
Consórcio

Fernandes Júnior refere-se à divisão do déficit mensal entre os municípios que a Casa Cairbar atende, segundo proposta do Ministério Público. Porém, até agora, dos 25 municípios, apenas Araraquara, Gavião Peixoto, Dobrada e Santa Lúcia vêm realizando os pagamentos do consórcio. Ou seja, dos R$ 70 mil esperados, o hospital vem recebendo apenas R$ 16.951,69.

Apesar do dinheiro estar sendo repassado, o presidente do Hospital Cairbar alerta que se os demais municípios não ajudarem, o hospital não terá como manter-se aberto. "Somente com o convênio e o consórcio será possível recolocar o hospital nos trilhos e nos mantermos. O SUS é um ótimo sistema, mas com um financiamento muito baixo. Hoje, eles investem bastante na prevenção, e isso é ótimo, porém, também é necessário investir nos tratamentos", diz. Para Fernandes Junior, a municipalização do gerenciamento da saúde é bom pela proximidade entre o município e o hospital, mas está "estrangulando as contas dos municípios".
Dívidas quase fecharam hospital

Em julho, a promotora da área de Saúde Pública, Noemi Corrêa, convocou uma reunião com os gestores das 24 cidades que compõem a Diretoria Regional de Saúde 7 e a diretoria da Casa Cairbar para propor o rateio dos gastos do hospital por, pelo menos três anos - hoje, o hospital arrecada R$ 180 mil com repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem gastos de R$ 240 mil com manutenção da casa e uma dívida de R$ 2,1 milhões. A Casa tem capacidade para atender a 310 pessoas, mas, atualmente, utiliza apenas 240 vagas por conta do limite orçamentário.
R$ 53 mil
Esse é o valor que o hospital ainda precisa receber no rateio dos outros 21 municípios que ainda não deram início ao pagamento do consórcio
Cidades finalizam burocracia
Os 21 municípios que fazem parte da Diretoria Regional de Saúde que ainda não estão fazendo repasses do consórcio para salvar a Casa Cairbar estão finalizando a documentação para o processo.

Em Motuca, o repasse já foi aprovado pela Câmara, mas o dinheiro ainda não chegou devido à falta de entrega de documentação por parte do Cairbar. A assessoria da Prefeitura da cidade explica que o valor de R$ 350 por mês está previsto em projeto até dezembro deste ano.Em 2012, o contrato precisa ser aprovado novamente para serem feitos os repasses.

A falta de documentos do Cairbar também é a causa do atraso no envio do dinheiro por parte de Américo Brasiliense, que já aprovou seu projeto na Câmara. O município deve enviar pouco mais de R$ 2 mil.

O prefeito de Matão, Adauto Scardoelli, defende que a Casa Cairbar seja mantida pelo Governo Estadual para aliviar os municípios. Mas, a proposta de ajuda ao Cairbar está em estudo e será discutida com o Conselho Municipal de Saúde porque a Prefeitura já tem compromissos com o hospital da cidade.

"Nós ainda temos de fazer certidões negativas para algumas cidades e esperamos aprovação da Câmara em outras. Depois, tudo voltará aos trilhos", diz o diretor Nelson Fernandes Junior.

Cidades que já estão fazendo o repasse
Araraquara R$ 15.428,12
Dobrada R$ 587,00
Gavião Peixoto R$ 326,73
Santa Lúcia R$ 609,84

Cidades que ainda estudam o repasse
Américo Brasiliense R$ 2.549,25
Boa Esperança do Sul R$ 1.008,89
Borborema R$ 1.074,25
Cândido Rodrigues R$ 197,27
Descalvado R$ 2.296,23
Dourado R$ 636,54
Ibaté R$ 2.272,42
Ibitinga R$ 3.930,41
Itápolis R$ 2.961,30
Matão R$ 5.677,43
Motuca R$ 441,81
Nova Europa R$ 957,77
Porto Ferreira R$ 5.293,46
Ribeirão Bonito R$ 897,24
Rincão R$ 769,99
Santa Ernestina R$ 411,69
Santa Rita do Passa Quatro R$ 1.957,74
São Carlos R$ 16.410,61
Tabatinga R$ 1.085,86
Taquaritinga R$ 3.991,78
Trabiju R$ 114,16

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