Lupi admite uso de avião pago por dirigente de ONG

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, durante audiência no Senado. (Foto: Wilson Dias/ABr)
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, durante
audiência no Senado.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, negou nesta quinta-feira (17), em depoimento à Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que tenha mentido ao afirmar que não conhecia o empresário Adair Meira, dirigente de ONGs posteriormente beneficiadas por convênios com a pasta. O ministro teria usado, durante viagens ao Maranhão em 2009, um avião pago pelo dirigente.
Na última quinta (10), Lupi foi à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara para falar sobre o suposto esquema de desvio de verbas públicas e negou ter relações pessoais com Meira. "Nunca andei em jatinho de Adair, não o conheço (...) Não tenho nenhum tipo de relação com ele",” disse Lupi na ocasião.
Nesta quinta, ele leu o trecho das notas taquigráficas de sua fala na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. "Eu não menti. Eu não disse em nenhum momento que não andei na aeronave."
O ministro afirmou que não memorizou ou guardou o nome de Adair Meira quando o conheceu. "A memória às vezes falha, eu sou humano (...) Quantos ministros e deputados podem ter usado avião em atividades rotineiras de quem não conhece? Meu erro foi não checar com a apuração que devia. Isso foi o que aconteceu."

No início desta semana, foi divulgada uma foto de Lupi desembarcando em um turbo-hélice King Air. Em nota divulgada na semana passada, o Ministério do Trabalho havia dito que, durante a viagem ao Maranhão, o ministro andou somente em um bimotor Sêneca “de responsabilidade do PDT”.
O empresário Adair Meira contradisse Lupi ao afirmar que esteve com o ministro na mesma aeronave em um dos trechos da viagem. Ele confirmou ter intermediado o aluguel do King Air, mas negou ter arcado com os custos.

Relacionamento com Meira
Nesta quinta, Lupi explicou as declarações sobre seu relacionamento com Meira. "Nunca neguei que o conheço [Adair]. Eu disse que não tinha relação [com ele], o que é diferente", afirmou. No depoimento, Lupi disse que conheceu Adair em 2009, durante viagem ao Maranhão, quando utilizaram a mesma aeronave.
Sobre a viagem ao Maranhão, Lupi disse que por ser uma atividade partidária, pediu ao PDT que organizasse a viagem e que não tomou conhecimento sobre como foram pagas as aeronaves. "Eu não pedi aeronave, não tenho obrigação de saber. Então eu quero saber do que estou sendo acusado."
Lupi também afirmou que utilizou a aeronave a convite de Ezequiel Nascimento, ex-secretário de Políticas Públicas e Emprego. "Eu fui de carona do Ezequiel. Compete ao Ezequiel e a companhia aérea [explicar]", afirmou.
Adair Meira disse que recomendou a Nascimento que alugasse o King Air utilizado por Lupi no Maranhão.
"Eu disse que não tinha andado em avião pessoal [de Adair Meira], é diferente você andar em um taxiaéreo. Todo avião de carreira é também de um dono”."
O ministro disse ainda que “não é crime conhecer as pessoas” e que tem a “melhor referência” sobre as instituições dirigidas por Adair. Lupi reclamou de uma “tentativa de linchamento” contra ele e de um “processo de ataques que não se sustenta”.

Crime de responsabilidade
Durante o depoimento do ministro no Senado, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que Lupi cometeu crime de responsabilidade ao “mentir” em depoimento Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara na semana passada. "Vossa Excelência mentiu ao dizer que não viajou naquele avião e agora disse que viajou", afirmou o senador.
Os senadores do PDT defenderam que o partido entregue o ministério ao governo e não indique substituto para chefiar a pasta. Lupi, no entanto, afirma que a presença do PDT no governo é a afirmação da causa histórica defendida pelo partido.

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