Universitários barram entrada de colegas na Unesp em apoio a protestos na USP

Pelo menos 100 estudantes da Faculdade de Ciências e Letras (FCL), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Araraquara, iniciaram, nesta quarta-feira (23), uma paralisação em apoio aos universitários da Universidade de São Paulo (USP), que reivindicam a saída da Polícia Militar (PM) do campus de São Paulo.
Uma barricada com carteiras e tapumes foi montada na porta de um dos prédios do campus para impedir que os alunos chegassem às salas de aula. "Colocamos as carteiras na porta para fazer com que as pessoas discutissem os problemas enfrentados pela universidade", afirma Gabriel, de 23 anos, estudante de ciências sociais e que não quis identificar o sobrenome.
De acordo com Natália, outra participante da paralisação, também estudante de ciências sociais, o movimento é contrário à presença da PM dentro das universidades, mas também reivindica melhorias no ensino e discute mais verbas para o ensino público. "O que estamos vendo é uma ‘precarização’ do ensino, com alunos de pós-graduação dando aulas como bolsistas nos lugares de professores", afirma. Além disso, os estudantes propõem um plebiscito que permita o repasse de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para o ensino público.
Indignação
Alguns estudantes e professores que discordam do movimento foram realocados para outras salas da universidade, mas grande parte dos alunos ficou sem aula.
A paralisação, que deve durar apenas um dia, foi decidida em duas assembleias, com participação de 300 alunos. De acordo com os participantes do movimento, o número é expressivo, embora muitos alunos não tenham se interessado em participar da discussão sobre o movimento. "Quando isso ocorre, a decisão tomada é legítima", afirma Gabriel.
O estudante do curso de letras, Caio Oliveira, de 25 anos, que discorda da paralisação, se mostrou frustrado por não ter aula. "Ninguém discorda do que estão manifestando, eles têm fundamento, mas os métodos não são corretos", afirma. "Todo mundo entrou aqui para ter aula, não para mudar o mundo. Mudar o mundo é consequência de uma boa formação."
Segundo o diretor em exercício da Faculdade de Ciências e Letras, Luiz Antônio Amaral, não houve a necessidade de chamar a polícia, mas toda a ação de hoje foi filmada para evitar acusações por parte dos manifestantes.

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