Farmácia terá novo laboratório para estudar proteína das células

A Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara abrirá concorrência para a construção de um novo laboratório para o desenvolvimento de pesquisas celulares. O local irá abrigar o Núcleo de Proteômica, ciência que estuda as proteínas que atuam nas células. 

O prédio de 508 metros quadrados será construído no campus da Unesp, para onde será transferido todo o curso de Farmácia. A obra está orçada em mais de R$ 1,4 milhão.

A FCF já faz estudos no ramo, mas ainda depende de outras cidades para finalizar os projetos. Com o novo espaço, será possível adquirir um espectrômetro de massa, que a faculdade ainda não possui. O equipamento, que custa cerca de US$ 350 mil, é usado para identificar as proteínas e cruzá-las, posteriormente, em um banco de dados.

O professor doutor Sandro Roberto Valentini, diretor da FCF, explica que os estudos vindos deste núcleo são mais avançados do que as pesquisas sobre o genoma. "A proteômica é mais informativa e específica, pois trata diretamente das proteínas, que garantem a função celular", diz.

Com as pesquisas em proteômica é possível tabular as diferenças entre células normais e cancerígenas, por exemplo. Com as cadeias de proteínas é possível ver as diferenças entre elas e atuar especificamente.

A comparação estabelece quais itens estão em desarranjo para desenvolver marcadores tumorais, reveladores terapêuticos e até mesmo fármacos de maior eficácia. O auxílio, além do diagnóstico, segue até o prognóstico da doença.

Outra aplicação exemplificada pelo professor é a comparação de vírus, que permite identificar as proteínas diferentes e que causam doenças. 

A FCF já realiza parte desse processo, até a seleção das proteínas e retirada via eletroforese em gel. A técnica faz migrar as partículas em um determinado gel, durante a aplicação de uma diferença de potencial. As moléculas são separadas de acordo com o tamanho, pois as de menor massa migram mais rapidamente que as de maior massa.

Após isso, é usado um espectrômetro para determinar a massa molecular de compostos, com altíssima precisão. Essa fase do projeto era feita em Campinas ou Ribeirão Preto. "Agora vamos adquirir e tornar mais rápido o trabalho", comemora o diretor.

A espectrometria de massa permite a identificação de proteínas por uma metodologia denominada ‘peptide mass fingerprinting’. Softwares especiais permitem comparar as proteínas com as sequências presentes nos bancos de dados. Se a sequência da ‘proteína problema’ estiver no banco de dados, ela será imediatamente identificada.
Construção
A concorrência está em andamento e no dia 3 de junho haverá a abertura das propostas. Ainda no próximo mês haverá o processo de empenho dos recursos. A construção começa no final do primeiro semestre deste ano. 

Entenda o que é a proteômica
Proteômica é uma ciência da área da biotecnologia. Nesse ramo, é estudado o conjunto de proteínas e suas isoformas contidas em uma amostra biológica, seja em um organismo, tecido ou célula.

O estudo da proteômica é considerado o início da era pós-genoma. É um método direto para identificar, quantificar e estudar as modificações das proteínas em uma célula. Esse termo começou a ser utilizado em 1995 como uma forma de descrever proteínas que são expressas por um genoma. A eletroforese em gel bidimensional e espectrometria de massa são alguns dos métodos de análise usados.

É possível dizer que a proteômica revela os mecanismos da vida. Proteínas defeituosas são responsáveis por uma gama de doenças, de câncer a Alzheimer. Com os estudos e análises de proteínas em larga escala, é possível comparar seu comportamento em diferentes estados fisiológicos, como na saúde e na doença.

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