Homossexuais e transexuais devem ter acesso igual aos programas de
HIV/Aids, de acordo com as primeiras diretrizes da Organização Mundial
da Saúde (OMS) destinadas a pôr fim ao estigma que nega assistência de
qualidade a muitas pessoas, disse a agência da Organização das Nações
Unidas (ONU) na terça-feira.
A OMS também registrou evidências do aumento de infecções pelo HIV
entre homens que fazem sexo com homens e entre pessoas que mudam de
gênero, especialmente nos países ocidentais. Os dois grupos já são
duramente atingidos pela epidemia de Aids, iniciada há 30 anos.
"Esta é a primeira vez que a OMS, como agência da ONU em conjunto com
outros parceiros, coloca isso adiante. Isso é delicado, mas vai direto
ao ponto e é de fato crítico para a epidemia", disse o médico Gottfried
Hirnschall, diretor do departamento de HIV/Aids da OMS, em entrevista
coletiva.
As 21 recomendações são "as primeiras diretrizes globais de saúde
pública" a centrar o foco nos homens homossexuais e nos transexuais,
disse a OMS em comunicado. Elas foram desenvolvidas para ajudar os
trabalhadores da saúde e os políticos a superar a discriminação e a
oferecer testes, aconselhamento e tratamento.
Os homens homossexuais têm um risco 20 vezes maior de serem
infectados pelo vírus do que os homens da população geral. As taxas são
ainda mais altas no México, na Tailândia e na Zâmbia, de acordo com a
agência da ONU. As taxas de infecção pelo HIV entre os transexuais
variam de 8 a 68 por cento, dependendo do país.
Estima-se que entre 2 e 4 por cento dos homens tenham feito sexo com outro homem ao longo da vida, disse Hirnschall.
"Com certeza uma coisa que sabemos é que o comportamento MSM (sigla
em inglês para homens que fazem sexo com homens) existe em todas as
culturas. Obviamente, o nível de aceitação e de mistificação cultural
varia de cultura para cultura", acrescentou ele.
Mais de 75 países consideram crime a atividade sexual com pessoas do
mesmo gênero, de acordo com a OMS. "E os transexuais não são
reconhecidos legalmente na maioria dos países", diz a agência.