Mortes de homens por câncer dobram em 2011 em Araraquara

O comerciante Marcos Antonio Beloti descobriu o câncer de pulmão em 2009, mas está recuperado
O número de óbitos de homens por câncer em Araraquara passou de 22, no primeiro semestre de 2010, para 44 no mesmo período de 2011, um aumento de 100%, segundo dados divulgados no site do DataSus.

Se sozinho o número assusta, comparado a outros dados torna-se alarmante: as internações de pacientes portadores de neoplasias na cidade passaram, de 348 no ano passado, para 439 neste, o que representa um crescimento de 26% em todos os tipos de câncer.

Na opinião do médico oncologista Fábio Zola, o crescimento de casos deve-se a dois fatores principais: primeiro, a adoção de melhor qualidade no registro da causa da morte dos pacientes. "Antes, quando um paciente de câncer de pulmão falecia, era comum o atestado de óbito apresentar insuficiência respiratória como motivo do óbito. Hoje em dia, essa apuração é bem mais rigorosa."

Em segundo lugar, Zola diz que estão em queda os casos de falecimento por problemas cardiovasculares, como infarto ou derrame, pois a prevenção e o tratamento desse tipo de problema têm sido mais eficazes. Com isso, os casos de câncer ficam em maior evidência.

O médico explica que, de acordo com os números do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tipo mais comum de doença entre pacientes do sexo masculino é o de pulmão, com 16 óbitos por cem mil habitantes.

Em seguida, vêm os de próstata (13 óbitos) e estômago (dez óbitos). "Como 90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo, não fumar é a melhor maneira de prevenir o problema", alerta.

Já no caso do de próstata, a melhor forma de prevenir é ingerindo alimentos ricos em licopeno, como o tomate, evitando gorduras e exagerando no consumo de fibras. Porém, o mais importante é fazer um diagnóstico precoce da doença por meio de exames periódicos. "No Brasil, surgem cerca de 50 mil novos casos de câncer de próstata por ano e, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de cura", reforça.

Sintomas
O oncologista orienta, porém, que se surgirem sintomas como sangue na urina ou nas fezes, dificuldade para urinar e perda involuntária de peso, o clínico geral deve ser procurado. "Os exames preventivos, como mamografia, papanicolau, dosagem de PSA e outros são cobertos integralmente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), bem como o tratamento na rede pública", diz.
Diagnóstico não é sentença de morte
O impacto de um diagnóstico de câncer é sempre grande e desestabiliza não só paciente, mas toda a família. No entanto, de acordo com o médico oncologista Fabio Zola, a notícia não deve, de maneira alguma, ser encarada como uma sentença de morte, e por mais de um motivo.

O médico explica que existem os tipos da doença que são mais ou menos letais, porém, em linhas gerais, pode-se dizer que, atualmente, 60% dos casos têm cura. "O que determina a chance de cura é a precocidade do diagnóstico, independente do órgão afetado", declara.

Justamente por esse motivo, Zola ressalta a necessidade de se formar uma cultura de visitas ao médico e a realização de exames preventivos entre os homens. "As mulheres fazem exame preventivo de câncer desde que começam a ir ao ginecologista, antes de completarem 20 anos. Os homens procuram o médico quando sentem dor ou desconforto, muitas vezes depois dos 50 anos."

O médico urologista Osvaldo Luis Luz Lima confirma esse dado, mas diz que a procura pelo médico por parte dos homes tem mudado nos últimos anos. "Hoje eu recebo pacientes para fazer exames preventivos de câncer de próstata com 40 anos. Há pouco tempo, isso não acontecia de forma alguma."
Detecção precoce
Lima diz também que, devido à precocidade dos diagnósticos, os casos de cura de câncer de próstata têm sido acima de 80% em seu consultório. "Se o problema é detectado na fase inicial, as chances de cura beiram os 100%", aponta.

Ele explica que o Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza que os exames preventivos de câncer de próstata devem ser feitos anualmente, a partir dos 45 anos. Já para quem tem casos do problema na família, essa idade cai para 40 anos.
Doença no pulmão sem nunca ter fumado
O comerciante Marcos Antonio Beloti, de 52 anos, tem câncer de pulmão desde 2009. O mais curioso é que ele nunca fumou ou conviveu com fumantes. A causa mais provável apontada pelo médico foi uma metástase, ou seja, a formação de uma lesão tumoral a partir de outra. Isso porque ele é calvo e teve câncer na pele da cabeça. "O médico diz que o câncer migrou de um local para outro."

Em setembro de 2009, ele já era transplantado de rim havia seis anos quando começou a ter muita tosse. Por esse motivo, conversou com a médica que cuidava dele e pediu um remédio, que acabou por não resolver o problema. Assim, procurou um pneumologista. Depois de alguns exames, constatou-se que havia um tumor de dez centímetros no pulmão esquerdo.

Desde então, ele passou por 33 sessões de radioterapia e fez sessões semanais de quimioterapia por 12 meses. Hoje, faz consultas médicas e exames de raios-X, tomografia, ressonância magnética e de sangue a cada 45 dias para acompanhar a regressão do tumor, que hoje está com dois centímetros.

Extremamente otimista, ele diz que no começo foi um grande susto, mas depois de um tempo viu que era possível encarar a doença e conviver com ela, apesar das limitações. "Dá para brigar com o câncer e certamente vou vencer a batalha", diz.

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Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara