Cidade prepara estudo sobre adensamento urbano

Em geral, áreas são projetadas para ter entre 400 e 700 moradores por hectare; Centro de Araraquara (foto) e entorno da Alameda Paulista já ultrapassaram medida (Foto: Lucas Tannuri)
Lucas Tannori

Por Richard Selestrino


Na Vila Harmonia, para cada morador existente faltam três. Em contrapartida, áreas como a Alameda Paulista, um dos principais acessos à Vila Xavier, e o Centro não comportam mais o aumento de concentração de pessoas e imóveis. Essa é uma das realidades constatada por técnicos, em um levantamento que começa a ganhar forma na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SDU) de Araraquara. O órgão quer mapear os índices de adensamento populacional da cidade.

De acordo com Ademir Palhares, coordenador Executivo de Aprovação de Projetos da SDU, geralmente uma área é projetada para ter entre 400 e 700 moradores por hectare.

No Centro e no entorno da Alameda Paulista, na Vila Xavier, técnicos que participam dos estudos para atualização do Plano Diretor já indicaram a impossibilidade de se aprovarem projetos de grande impacto, pois isso acarretaria em ter que ampliar toda a infraestrutura existente, como alargar ruas, ampliar redes de galerias e de água e esgotos.
Áreas sub-habitadas
Ao contrário, na Vila Harmonia, o adensamento é de pouco mais de cem pessoas por hectare, bem abaixo do ideal e aquém da estrutura existente no local. "Para novos loteamentos temos de dois a três pedidos protocolados no mês, mas o que mais preocupa é a ocupação nas áreas já existentes. Por isso, pensamos numa forma de adensá-la pela verticalização", explica Ademir Palhares, coordenador Executivo de Aprovação de Projetos da SDU.

O adensamento em áreas sub-habitadas, segundo o especialista, é necessário, pois evita-se o empenho de mais recursos públicos em infraestrutura urbana para a criação de novos loteamentos enquanto os existentes estão subutilizados por terem os chamados vazios urbanos. "Podemos projetar uma ocupação entre 400 e 700 moradores por hectare. Quando ela não atinge esse parâmetro, estamos desperdiçando dinheiro público, porque toda a infraestrutura instalada naquele local para atender a esse número de pessoas não é utilizada por completo", pondera.

Adensamento requer análise de impactos na infraestrutura da região
O adensamento de uma determinada região envolve uma série de impactos na infraestrutura. Segundo Sandra Gaspar, gerente de Sistema de Informações Geográficas, é preciso saber, por exemplo, se a área tem capacidade de infraestrutura - asfalto, guias, sarjetas, galerias, além de serviços como de telefonia, energia elétrica, entre outros. Outra análise está nas consequências ao trânsito. "No trânsito, por exemplo, a gente trabalha com análise de Origem e Destino. A pessoa sai de casa para trabalhar, volta, e tudo isso é avaliado no impacto."

Atualmente, essa percepção sobre o aumento da ocupação populacional fica inclusa no estudo realizado pelos técnicos municipais quando recebem projetos para a implantação de empreendimentos de alto impacto, como supermercados, condomínios residenciais ou comerciais e microempresas, entre outros.

Viabilidade
Ter esse mapeamento, segundo Ademir Palhares, coordenador Executivo de Aprovação de Projetos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, é importante para entender melhor a dinâmica da cidade e saber os locais onde o adensamento é viável. Tem que ser pensado em duas lógicas: uma vista pelo lado de áreas subaproveitadas e outra referente às que já atingiram o limite de ocupação e, por isso, se tornariam inviáveis por causa da necessidade de se ampliar a infraestrutura existente.

Vazios urbanos
Promover o adensamento demográfico também é ocupar os vazios urbanos da cidade. Hoje, Araraquara conta com cerca de 35 mil terrenos e glebas de terras desocupadas em toda a sua extensão, que é de 1.005.968 Km², segundo dados do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatísca (IBGE). Hoje, a cidade tem uma média de 207 habitantes por quilômetro quadrado, também segundo os números atualizados do IBGE. A média, no entanto, não corresponde às realidade do Centro da cidade, uma das mais adensadas, com cerca de 700 habitantes por hectare. Os vazios acabam prejudicando não apenas a dinâmica urbana da cidade, mas também causam transtornos devido ao surgimento de mato alto, lixo e entulho, que causam a proliferação de animais peçonhentos e, indiretamente, colaboram com a proliferação de doenças como a dengue.

araraquara.com

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