O governo japonês registrou neste sábado, pela primeira vez desde a crise nuclear na usina de Fukushima Daiichi, radiação acima do recomendado em leite e espinafre nas províncias de Fukushima e Ibaraki.
Segundo o secretário de Gabinete do Japão, Yukio Edano, a radiação estava acima do padrão estabelecido pelo governo, mas não impunha risco imediato à saúde humana. Ele não detalhou de quanto foi a radiação encontrada.A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que a contaminação é de iodo radioativo e que o governo japonês interrompeu a venda destes produtos.
A agência da ONU disse ainda que há sim risco à saúde humana, caso os alimentos sejam consumidos. "Apesar do iodo radioativo ter uma vida curta de cerca de oito dias e se dissipar naturalmente em uma questão de semanas, há um risco de curto-prazo para a saúde humana se o iodo radioativo na comida for absorvido pelo corpo humano".
Nesta semana, a União Europeia (UE) recomendou aos países do bloco que façam um maior controle de radioatividade nos alimentos importados do Japão.
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Especialistas temem as consequências da contaminação do solo e águas com o material radioativo lançado ao ar pela usina nuclear. O material pode efetivamente contaminar os alimentos, entrando na cadeia alimentar da população, o que causaria um risco ao longo de semanas e mesmo meses aos japoneses.
O leite de vaca é especialmente vulnerável, segundo especialistas, caso os animais entrem em contato com o pasto contaminado. O produto é muito consumido pelo homem, não só em sua forma natural, mas como ingrediente de vários alimentos processados.
ESTÁVEL
Neste sábado, as autoridades continuam lançando água para reduzir a temperatura dos reatores de Fukushima Daiichi e conter um vazamento massivo de material radioativo. Os bombeiros devem lançar 1,260 toneladas de água no reator. A operação, segundo a agência de notícias Kyodo, deve durar sete horas.
Edano disse que as condições no reator 3 ficaram relativamente estáveis depois que bombeiros lançaram 60 toneladas de água em uma piscina fervente que abriga combustível nuclear usado. A operação foi realizada pouco depois da 0h (12h de sexta-feira em Brasília), do lado de fora do prédio que abriga o reator.
"Nós estamos tentando deixar as coisas sob controle, mas estamos em uma situação imprevisível ainda", disse Edano.
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Membros das Forças de Autodefesa carregam vítima encontrada em carro, mais de uma semana após tremor |
Edano disse ainda que os bombeiros preparam a mesma operação para o reator 4.
Já nos reatores 5 e 6, as equipes conseguiram manter a temperatura baixa usando apenas um sistema de circulação de água nas piscinas, já que um dos geradores de emergência foi restaurado neste sábado. Com o religamento, a temperatura caiu de 68,8°C para 67,6°C, em quatro horas.
O ministro de Defesa, Toshimi Kitazawa, disse separadamente que a temperatura de superfície nos reatores 1 e 4 estavam a 100ºC ou menos na manhã deste sábado (noite de sexta em Brasília) e que a condição em ambos está mais estável do que o esperado.
Ele foi instruído pelo premiê Naoto Kan a monitorar os arredores da usina nuclear.
Já a operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., conseguiu conectar os cabos de energia aos prédios dos reatores 1 e 2. A ideia é fazer uma checagem dos equipamentos e ligar os cabos na manhã de domingo (noite de sábado em Brasília).
A restauração da energia elétrica pe crucial para que o sistema de resfriamento, danificado pelo terremoto, volte a ser ligado --o que facilitará a manutenção da temperatura nos reatores.