Araraquara no ranking de cidades digitais.



Um estudo inédito elaborado pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e pela Momento Editorial, divulgado na semana passada, avalia o nível de digitalização dos municípios brasileiros e inclui Araraquara entre as chamadas cidades digitais. Entretanto, a 43ª posição que ocupa entre as 75 cidades consideradas digitais no mapa do Brasil deixa a Morada do Sol longe de um lugar de destaque, apesar de possuir um sistema de internet gratuita para a população e um número considerável de centros especiais com conexão à web. Diante dos dados, fica a pergunta: Araraquara é uma cidade digital?

Para avaliar em que estágio estão os municípios brasileiros, o CPqD criou um método que leva em conta uma série de critérios, divididos em nove categorias, relacionados não só à infraestrutura tecnológica, como presença de equipamentos primários, banda de conexão e cobertura geográfica, mas também à disponibilidade de serviços digitais e até de recursos de acessibilidade, por exemplo, para pessoas com deficiências físicas ou analfabetas.

A partir desses critérios, foi gerado um questionário com 15 perguntas, que foram respondidas por municípios de todas as regiões do Brasil. Desse total, 75 questionários foram validados pela equipe de pesquisa, após checagem dos dados e seu cruzamento com informações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do IBGE. O método também estabelece um sistema de pontuação para cada categoria de critério.

As cidades mais bem posicionadas, na ordem, são Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Vitória (ES), Ibirapuitã (RS), Jundiaí (SP), Campinas (SP), Santos (SP), São Carlos (SP), Tarumã (SP) e São Paulo (SP). Nenhum desses municípios, entretanto, apresenta um grau "pleno" de digitalização, que seria o último e melhor dos seis níveis de classificação. A maioria das cidades é considerada "telecentro", o segundo pior nível, em que Araraquara também se enquadra. Pedreira, por exemplo, que é considerada referência nacional na área, ficou apenas com a 25ª colocação.

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Integração

A pontuação que a cidade conquistou é de 227. Belo Horizonte, a melhor posicionada, tem 360 pontos. De acordo com Graziella Bonadio, pesquisadora do CPqD, a nota de Araraquara é reflexo dos poucos pontos obtidos pela cidade no quesito de maior valor - a integração entre a cidade, o Estado e o País. "Os serviços dos órgãos federais e estaduais na cidade não devem estar totalmente integrados, por isso a baixa pontuação", explica. Para efeito de comparação, a pesquisadora dá como exemplo a cidade mais próxima, São Carlos, que obteve pontos suficientes nesta categoria por contar com uma universidade federal e, de alguma forma, estar integrada a sistemas federais, além de manter um campus da Universidade de São Paulo (USP) e duas unidades da Embrapa.

A pesquisa foi realizada entre novembro de 2010 e fevereiro deste ano, portanto, não considera a existência, em Araraquara, de um sistema de integração estadual pioneiro, implantado em abril de 2011, para gestão da saúde no município, utilizado pelo Serviço Especial da Saúde (Sesa). "Esse é apenas um exemplo de sistemas que garantem a integração da cidade com as esferas estadual e federal", comenta Luiz Zaccarelli, secretário de Governo da Prefeitura de Araraquara, que questiona o estudo. Na avaliação no CPqD, por exemplo, a integração com o estado e a federação tem peso seis, enquanto projetos de acesso público à internet, como o existente em Araraquara, têm peso dois.
"Como falar em cidade digital se dão maior valor aos serviços utilizados pelo município e não pelo cidadão?", pergunta. "Construímos em Araraquara um alicerce para proporcionar resultados aos moradores, que têm acesso à internet em casa", argumenta referindo-se ao programa Internet Para Todos, com mais de um ano de funcionamento. De acordo com o a Prefeitura, mais de 95% da cidade recebe o sinal de conexão grátis.

Mas, segundo os pesquisadores do CPqD, ao considerar o número de habitantes na cidade, o serviço oferecido poderia ser deficiente se todos usassem o sinal gratuito e a banda da internet não seria adequada para uma conexão razoável. Além disso, há uma análise do uso de equipamentos aptos a receber essa tecnologia entre os moradores da cidade. Outro quesito questionado, a integração de serviços públicos também começa a ser revisto em Araraquara. Um exemplo, é o Live@edu, sistema de educação em nuvem, que integra estudantes da rede municipal de ensino, e que deve ser colocado em prática no segundo semestre de 2011.

Outro fator, o de acessibilidade em telecentros e hotspots, gera questionamentos sobre a usabilidade. De acordo com o CPqD, a falta de computadores para deficientes pode fazer com que uma cidade perca pontos. Araraquara possui apenas um equipamento para deficientes visuais, por exemplo, mas todos os dez telecentros em funcionamento têm acesso físico facilitado. Além disso, cada telecentro, com dez computadores, deveria atender 500 habitantes, segundo a recomendação do CPqD, o que faria com que uma cidade com pouco mais de 200 mil habitantes, como Araraquara, precisasse ter cerca de 400 unidades. "Isso é inviável no momento. Araraquara, com a meta de 16 telecentros já é a que mais tem esse serviço per capita, difícil isso ocorrer na realidade", ressalta o secretário de Governo.

Portal Araraquara Hoje

Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara