Kelly Key diz que se inspira em Madonna pra cantar

Kelly Key no clipe de 'Shaking': músicas em inglês fazem parte do novo repertório, produzido por Mister Jam (Foto: Divulgação)
Kelly Key no clipe de 'Shaking': músicas em inglês fazem parte do novo repertório, produzido por Mister Jam
Kelly Key não lança disco de estúdio há quatro anos, a maior pausa em seus 11 anos de careira. No começo desta semana, porém, o nome da cantora voltou a ser falado, graças a um vídeo no qual ela briga (em tom de brincadeira) com a plateia, após cantar "O amor e o poder", de Rosana.
"Ouvi dez anos da minha vida que eu não canto p... nenhuma. Aí eu mando ver e vocês não fazem barulho", reclama no vídeo, gravado em uma boate GLS carioca.
Em entrevista ao G1 antes do acontecimento, Kelly comenta a relação cada vez mais forte com os fãs gays ("meu público era menor de idade e não frequentava boates, hoje frequenta") e fala de seu novo disco duplo, que sai no segundo semestre. Ela comenta suas músicas em inglês e a parceria com o produtor Mister Jam, o mesmo da nova fase de Wanessa.
Foi Fabianno Almeira, nome real de Jam, o responsável por criar remixes para sucessos como “Baba” e “Cachorrinho”, confirmados no novo álbum. "Eu me preocupei em mudar bastante. Tive que mudar o tom, não consigo alcançar notas que alcançava com 17 anos. Eu me inspiro na Madonna, que hoje canta até dois tons abaixo de antes."
Leia a entrevista por telefone ao G1:

G1 - Como será o novo disco?
Kelly Key -
Meu público infantil se renova sempre, e não estava sendo justa com eles. Vamos lançar um CD de remixes e um para festas. Pegamos músicas que em toda festa toca: “Bolha de sabão”, da Claudia Leitte; “Uma partida de futebol”, do Skank. Em um trio elétrico infantil no carnaval deste ano, cantei “Raggatanga” [do extinto grupo Rouge]. As pessoas não conhecem mais essa música! Tem também um "Parabéns pra você". É para mim, né? São 10 anos de carreira. É um CD de comemoração, bem pra cima. Só tem uma música mais lentinha. Canto “Aquarela” com meus filhos. Suzana está com 11 anos e Jaime Vitor tem sete.
 
G1 - Como conheceu o Fabianno Almeida [Mister Jam, produtor]?
Kelly Key -
Conheço o Fabinho faz um tempão. Em um dia no estúdio, ele me mostrou uma música em inglês, fiquei um pouco resistente. Ele disse que era uma tendência e que estava todo mundo fazendo. Gravei “Shaking” e surgiu “Craving for the summer". Quero gravar releituras das músicas que marcaram a vida de todos. Coloquei umas coisas novas em “Baba”, “Cachorrinho”. Não tenho intenção de entrar no cenário eletrônico, queria uma coisa  moderna. A galera que cresceu ouvindo “Baba” vai ter uma lembrança do passado, mas com uma nova roupagem.
 
G1 - Quando você lança um remix de um hit como 'Cachorrinho' ou 'Baba', você pensa na reação que seu fã vai ter? Você se preocupa em não mudar tanto o arranjo?
Kelly Key -
Queria mais era mudar bastante. O Fabinho foi mais resistente, queria manter a essência. Eu tive que mudar o tom, não consigo alcançar notas que alcançava com 17 anos. Eu me inspiro na Madonna, que hoje canta até dois tons abaixo de antes. Nos shows, usava muito backing vocal para me ajudar. Eu dei uma baixada nos tons. O Fabinho achou que iria perder a identidade. “Barbie Girl” não deu para mudar tanto Você começa a música e não percebe qual é, mas uns segundos antes de a voz entrar, você nota.
Kelly Key lança CD duplo com remixes de sucessos de sua carreira e com músicas voltadas para público infantil (Foto: Divulgação)
Kelly Key lança CD com remixes de sucessos e músicas voltadas para público infantil
G1 - Mas por que há necessidade de atualizar as músicas?
Kelly Key -
Tudo é uma questão de tempo. Aquele tipo de produção era utilizado, tinha uma pitadinha de funk. Há dez anos, estava em alta, tinham as boybands. Agora é tudo eletrônico. "Escondido" ganhou um remix bem louco.

 
G1 - Você disse que fez aulas de inglês. Como foi isso?
Kelly Key -
Inglês é supernecessário. Eu tinha um inglês de viagem, só para não passar fome, para conseguir entrar na boa. Inglês de mulher, para fazer compras nas férias. Nunca estudei e nunca morei fora. Com o tempo de carreira, as coisas ficaram mais folgadas e surgiu uma oportunidade de fazer um trabalho fora. No meio de 2010, fiz aula de inglês em casa, para aprimorar e não ter tanto sotaque.

G1 - Quais artistas a sua filha [Suzana, de 11 anos] já te apresentou?
Kelly Key -
Eu conheci a Nicki Minaj por meio da minha filha. Você vive uma realidade paralela à das meninas dessa idade. Eu sou bem conservadora, mas não fico invadindo privacidade. Eu bloqueio vários conteúdos, faço o que cabe a mim. Ela tem 11 anos e não me esqueço disso. Hoje a realidade é que qualquer menina de nove anos tem o seu próprio computador.

G1 - Você sempre percebeu que tinha sucesso com o público GLS ou essa fatia do seu público aumentou nos últimos meses?
Kelly Key -
Foi nos últimos dois anos que ela aumentou. Sempre tive fãs homossexuais. Não é uma novidade para mim. Eles eram adolescentes e hoje estão mais velhos. Com todo esse espaço que a mídia e sociedade permitiram, eles estão sem vergonha de ser feliz e de se mostrar ao mundo. Meu público era menor de idade e não frequentava boates, hoje frequentam esse tipo de lugar e vou lá fazer meus shows por isso.

G1 - Quais as cantoras gringas que mais têm a ver com suas novas músicas?
Kelly Key -
A Britney não posso esquecer, fui comparada com ela há dez anos. Eu me sinto honrada com isso. Minha filha viu meu clipe e disse que eu estava com a cara da Britney. Essa comparação vai me acompanhar sempre. Tem que ter cuidado porque é uma artista de outro cenário, a repercussão do trabalho dela é diferente. A comparação é injusta.
 
G1 - Por que decidiu usar peruca loira no clipe de 'Shaking'?
Kelly Key -
Eu sempre fui loira e aí fui contratada por um site de leilão coletivo, eles me chamaram para fazer a campanha de divulgação. Para promover as mudanças, uma das exigências era que mudasse o corte e a cor do meu cabelo. Usei peruca porque estava em uma transição para morena. Como todas as meninas internacionais usam perucas e até azul, rosa... Por que não posso usar?

G1 - Quem teve uma trajetória recente parecida com a sua é a Wanessa, ex-Wanessa Camargo, que também passou a cantar em inglês, ser produzida por Mister Jam e fazer shows em casas LGBT. Vocês disputam público, são rivais? Ou fazem parte de uma mesma cena no Brasil?
Kelly Key -
É um mercado que cresceu para todas nós. Foi uma oportunidade para permanecemos na música. Eu não a vejo como concorrente, ela não perde nada por mim e eu não perco nada por ela. Essa rincha que criam é positiva para caramba. É bom, porque não é real. Se falar da gente, é válido. Não importa o que estejam falando. Não sou amiga dela, mas a gente se respeita. Semelhanças sempre vão existir. O Michel Teló está cantando em inglês, mas ninguém me compara com ele.

G1 - Depois de você, foram muitas as tentativas de emplacar uma cantora de pop e rock no Brasil, mas não houve sucesso, com exceção da Pitty, que é bem mais roqueira. Por que acredita que há tantos cantores pop e tão poucas cantoras?
Kelly Key -
Não sei o que acontece. O brasileiro tem resistência ao produto. As pessoas têm vergonha de ser popular. Nosso mercado precisa ser popular. As pessoas consomem produtos de fora. Quando tentamos ficar sofisticados, as pessoas não te consomem. Você nunca está preparado segundo a opinião pública. Fulano é sempre melhor do que você. O público é muito novo para assimilar, eles não tem ciência. É um conjuntinho de coisas. Eu nunca me preocupei em ser popular, quero falar com todo mundo. Ser popular é uma forma de conseguir mais exposição. É o meu trabalho.

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