A Polícia Civil deve ouvir nesta segunda-feira (20) em
São Paulo o cantor Marrone, da dupla sertaneja com Bruno, para tentar
saber se ele estava mesmo pilotando o helicóptero que caiu em São José
do Rio Preto, no interior paulista, no dia 2 de maio. Das três pessoas
que estavam na aeronave, somente Marrone e o piloto da aeronave, Almir
Carlos Bezerra, são investigados pela polícia por suspeita de estarem
envolvidos diretamente na queda do aparelho.
O empresário Jardel Alves Borges, primo e secretário de Marrone, que
também estava no helicóptero, teve traumatismo craniano. Já o piloto
ficou sem parte da perna esquerda, decepada. O astro sertanejo teve
ferimentos leves no acidente. A aeronave, de propriedade do cantor,
custa cerca de R$ 8 milhões.
Para a polícia, Marrone, que tem 46 anos, é suspeito de guiar o
helicóptero sem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Por esse motivo é investigado pelo artigo 33 da Lei de Contravenções
Penais (LCP), que trata de pilotar aeronave sem habilitação. Em
entrevista ao Fantástico, divulgada último dia 15, ele admitiu já ter
segurado o manche da aeronave, mesmo sem ter licença, o ‘brevê’, para
isso. E ainda assumiu que estava sentado do lado direito da aeronave,
lugar destinado ao piloto. O cantor negou, no entanto, que estivesse no
comando no momento do acidente.
Bezerra, de 49 anos, é investigado como suspeito de ter cometido lesão
corporal na direção de veículo automotor, segundo o artigo 303 do Código
de Trânsito Brasileiro (CTB). Em depoimento à polícia, em São José do
Rio Preto, o piloto confirmou que Marrone estava guiando o helicóptero
antes da queda. Mas negou que ele estivesse no comando durante a queda.
Segundo Bezerra, era ele quem guiava.
Agora é a vez de Marrone prestar esclarecimentos. Por conta da agenda
de shows da dupla Bruno e Marrone, o cantor será ouvido na capital
paulista. O depoimento ocorrerá por meio de carta precatória encaminhada
ao delegado de polícia do Setor de Cartas Precatórias do Departamento
de Polícia Judiciárias da Capital (Decap). As declarações deverão ser
prestadas no Centro de Execução de Cartas Precatórias anexo ao 16º
Distrito Policial, na Vila Clementino, na Zona Sul, próxima a residência
do cantor. O depoimento deverá ter início à noite, por volta das 19h30.
Após responder às perguntas, o delegado deverá remeter as respostas
para a delegacia de São José do Rio Preto, que investiga o caso. A
Aeronáutica apura as causas do acidente. A Anac abriu processo
administrativo para saber se ocorreu “alguma irregularidade pertinente
aos ocupantes do helicóptero e seus responsáveis”.
Posição do pilotoUma situação que terá de ser
apurada é o fato de que, sentado à esquerda, o piloto tem menos acesso
aos equipamentos do helicóptero. E só se pode pilotar nessa posição um
piloto instrutor de voo _o que não é o caso de Bezerra.
O cantor admitiu ao programa que era o seu piloto que pedia para ele
sentar do lado direito para “ir aprendendo”. No dia do acidente, Bezerra
falou que Marrone pilotou o helicóptero em trechos do trajeto entre
Curitiba e São José do Rio Preto.
Essa afirmação é contrária ao que a assessoria da dupla havia divulgado
em seu site, a de que Marrone afirmara nunca ter assumido o comando do
helicóptero antes da queda. Outro dado contraditório foi o de que o
cantor afirmou não se lembrar de ter dito que já tinha mais de mil horas
de aulas práticas de voo, como aparece falando numa gravação, feita há
um mês, no Aeroclube de Umuarama, no Paraná.
Ao Fantástico Marrone afirmou que segurava o manche da aeronave no
alto, mesmo sem ter brevê, autorização para pilotar. “Isso é normal",
disse.