No jantar com a bancada do PT no Senado, na terça-feira, as ministras
Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil)
levaram um recado claro da presidente Dilma Rousseff: ela não gosta nada
da ideia de petistas e aliados defenderem a volta de Luiz Antonio Pagot
ao comando do Dnit. O fato de ele não ter acusado ninguém do governo
não significa que pode voltar, mandou dizer Dilma. Para o Planalto, essa
tese prejudicaria a imagem do governo.
O recado foi para estancar iniciativa de aliados, inclusive do PT, que
ensaiavam o discurso do retorno de Pagot, que tirou férias para não ser
demitido. Dilma emitiu sinais de que não vai manter Pagot no cargo,
mesmo depois da defesa que ele fez de membros do governo nos depoimentos
na
Câmara
e no
Senado
. Mas já se admite uma saída honrosa para ele, como um retorno ao governo depois de algum tempo, mas em outro cargo.
O consenso no jantar é que Pagot teve desempenho positivo no
depoimento ao Senado e que respondeu de forma técnica as questões, o que
ajudou a esfriar a crise política envolvendo o Ministério dos
Transportes. Nesta quarta-feira, questionado sobre a possibilidade da
demissão do seu afilhado político, o senador Blairo Maggi (PR-MT) foi
direto.
- Se não há indícios contra Pagot, minha solicitação é que seja
mantido. Agora, só não acho correto ele ficar de férias e na volta ser
exonerado. Se a convicção do Planalto é que Pagot não vai ficar, me
avise que ele sai logo.
No mesmo jantar, na casa da senadora Marta Suplicy (PT-SP), os
petistas disseram às ministras que Dilma acertou ao tomar decisões
rápidas sobre a crise nos Transportes, mas que os métodos e a forma de
agir são um ingrediente a mais para acirrar os ânimos entre os aliados.
Os senadores chegaram a sugerir que a presidente precisa ser mais
diplomática, antecipando suas decisões aos aliados.
- Há uma disposição da presidente Dilma de não contemporizar com
algumas coisas, o que é bom. Mas a forma como as coisas são feitas pode
ser melhor - resumiu um senador petista.
Alfredo Nascimento está descontente com o governoHá
uma preocupação especial com o senador e ex-ministro dos Transportes
Alfredo Nascimento (PR-AM). Abalado depois que foi obrigado a pedir
demissão - por causa das denúncias da revista "Veja" sobre cobrança de
propina em sua área de atuação e
das suspeitas apontadas pelo GLOBO sobre o crescimento espetacular do patrimônio de seu filho
-, Nascimento tem demonstrado mágoa com o governo. Segundo um senador
petistas, Ideli e Gleisi foram alertadas que é preciso reinserir
politicamente o senador à base aliada.
Um dos presentes reconheceu que um dos principais problemas do
governo é a dificuldade de administrar as contradições de uma base
aliada tão ampla. Mas todos os senadores destacaram que houve melhora na
articulação do Planalto com as bancadas, com a nova divisão de tarefas
entre os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Gleisi e Ideli.