Uma aposentada de 75 anos morreu depois de receber glicerina em vez de
soro no Hospital Geral de Missão Velha, a 506 km de Fortaleza, na última
quarta-feira (20), de acordo com o médico plantonista Rodrigo Viana. A
troca foi percebida quando a paciente, que sofria de insuficiência
respiratória aguda, chegou ao hospital da cidade vizinha, o São Vicente,
em Barbalha, na mesma quarta.
“Logo que ela chegou percebi que não era soro e fiz a troca. Agora, só o
laudo do IML (Instituto Médico-Legal) pode dizer a causa da morte”, diz
o médico plantonista Rodrigo Viana que detectou a troca ao receber a
paciente no hospital São Vicente.
Segundo Viana, na maioria dos casos, a glicerina é usada apenas de
forma retal para realizar lavagem intestinal e aplicada na veia pode
matar. “Acredito que alguém do Hospital de Missão Velha confundiu as
bolsas (de soro) com as de glicerina”, diz o médico. A prescrição médica
realizada em Missão Velha previa soro e esta estava correta, segundo o
médico.
Viana explica que, aplicada de forma intravenosa, a glicerina pode
ocasionar embolia (obstrução de veias). Após o óbito da aposentada,
apenas duas horas após sua entrada no Hospital São Vicente, a
instituição que identificou o erro registrou um Boletim de Ocorrência se
eximindo de responsabilidade e solicitou laudo do IML para saber a real
causa da morte.
A delegacia de Barbalha investiga o caso. Segundo o delegado Marco
Antônio, os depoimentos de vários profissionais do Hospital de Missão
Velha já foram tomados e todos afirmam ter visto uma auxiliar de
enfermagem aplicar a bolsa, acreditando se tratar de soro. “Agora vamos
convocar a enfermeira (auxiliar) para depor. Se confirmado pelo laudo do
IML que a causa da morte foi a glicerina, ela pode ser indiciada por
homicídio culposo (quando não há intenção de matar)”, destaca o
delegado.
O laudo do IML deve sair em oito dias. A secretária de saúde de Missão Velha, Elisian Fechine, por telefone, informou que a instituição não é municipal, “É filantrópico (o hospital). Nós
apenas alugamos os serviços deles”, afirma. A secretária disse ainda ter
solicitado ao hospital o afastamento da funcionária suspeita de ter
cometido o erro até que saia o resultado do laudo do IML.