O Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região (Sismar)
protocolou no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Campinas, ontem,
um documento em que questiona o desconto de vale-alimentação dos
funcionários públicos que participaram da greve deste ano, efetuado pela
Prefeitura.
No entendimento do Sindicato, a Prefeitura está descumprindo uma
determinação judicial e deveria ter devolvido o valor descontado no
pagamento do mês passado. A Prefeitura, por sua vez, garante que não tem
que fazer a devolução.
O impasse se deu por causa de duas decisões diferentes emitidas pelo
TRT, com 12 dias de diferença. A primeira foi no julgamento da greve, em
8 de junho, quando o TRT considerou o movimento abusivo e autorizou a
Prefeitura a descontar dos servidores os dias parados. Foi decidido pelo
poder público municipal que o desconto seria feito em três parcelas - a
primeira delas, no valor de até R$ 118, saiu do pagamento do tíquete
dos grevistas no dia 19 de junho.
No dia 20 de junho, uma nova decisão do mesmo Tribunal proibiu o
Município de efetuar o desconto. "Defiro o pedido de liminar,
determinando que o Município de Araraquara se abstenha de proceder ao
desconto dos dias de paralisação de seus servidores, até o trânsito em
julgado da decisão", consta no documento assinado pelo desembargador
Lorival Ferreira dos Santos, que continua: "devendo providenciar para
que eles recebam seus salários, devidos durante o movimento grevista,
dentro do prazo legal, sob pena do pagamento de multa diária de R$ 5
mil."
Prefeito
O prefeito Marcelo Barbieri diz entender que o desconto não precisa
ser devolvido, porque foi feito sob a vigência da primeira decisão do
TRT. Segundo ele, o Tribunal avaliza esta interpretação. "Não faria
alguma coisa sem consultar o Tribunal. Eu cumpro a lei", diz.
"Posteriormente, o Tribunal mandou uma determinação judicial que foi
exatamente cumprida. Foram pagos todos os grevistas integralmente",
completa.
Esta informação é rebatida por Marcos Zambone, vice-presidente do
Sismar. "Temos dois casos de servidores do Centralizado que tiveram dias
de greve descontados", afirma.
O Sindicato informa que seu advogado também levou ao conhecimento do TRT
os documentos que comprovam os casos de desconto de dias parados.