Impasse no Congresso faz crescer risco de calote da dívida americana

Obama tentará convencer republicanos a aceitar redução do déficit em US$ 4 tri. Risco de default do país já preocupa o FMI, que alerta para nova crise global

O presidente americano Barack Obama, durante um discurso sobre o desemprego no país, no último dia 8
O presidente americano Barack Obama, durante um discurso sobre o desemprego no país, no último dia 8
 
O presidente americano Barack Obama terá uma dura batalha pela frente neste domingo: negociar com os membros do partido republicano a redução da dívida pública dos Estados Unidos. De acordo com o Secretário do Tesouro do país, Timothy Geithner, Obama quer procurar "a maior operação possível" de redução da dívida. As declarações foram feitas após os republicanos afirmarem que o pacote de 4 trilhões de dólares apresentado pela Casa Branca estava fora da mesa de negociações. Washington busca um acordo sobre o tema como forma de evitar a insolvência do governo americano.
Geithner disse também que um acordo requer compromisso dos dois lados. O presidente Obama deverá realizar conversas na Casa Branca neste domingo à noite com líderes democratas e republicanos. Na noite de sábado, o deputado republicano John Boehner afirmou à Casa Branca que lutaria pela aprovação de um pacote menor, de 2 trilhões de dólares. Boehner enfrenta dura oposição de correligionários republicanos à perspectiva de elevação de impostos, como parte de um acordo de grande escala.
O Congresso americano tem até o dia 2 de agosto para aprovar a elevação do teto do endividamento interno do país. As declarações de Boehner, portanto, ameaçam as negociações entre Obama e os congressistas. Se a Casa Branca, de fato, falhar em sua tentativa de resolver o problema da dívida interna dos EUA, o resultado poderá ser a primeira insolvência do país em suas obrigações financeiras. A Casa Branca e economistas americanos alertam que tal situação poderia empurrar os EUA para a recessão e desencadear o caos no sistema financeiro mundial.
A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, tem a mesma opinião. Neste domingo, ela afirmou que um eventual não cumprimento, ou default, por parte dos Estados Unidos em relação a seus compromissos de dívida poderá colocar em risco a estabilidade da economia mundial. A francesa pediu aos políticos americanos que cheguem a um acordo sobre o Orçamento.
Lagarde afirmou que, caso os americanos não cheguem a um acordo, este será um grande golpe para os mercados de ações, com consequências muito graves, não apenas para os Estados Unidos, como para toda a economia global, já que os Estados Unidos são um ator muito importante e afeta muito a outros países.
Mas Lagarde ressaltou sua confiança de que os Estados Unidos não optarão pelo default, apesar das tensas negociações entre a Casa Branca e os líderes republicanos para subir o limite da dívida que o país pode assumir. "Não posso imaginar nem por um segundo que os Estados Unidos caiam em default", concluiu.
Numa reação imediata, o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, afirmou que os Estados Unidos cumprirão com seus compromissos financeiros. "Os Estados Unidos não cairão em default, já que os líderes do Congresso entendem isso", afirmou Geithner, repetindo que haverá um acordo até 2 de agosto.
Assessores de Obama e Boehner vinham trabalhando para formatar um pacote de grande amplitude, de corte de gasto e novas receitas, que reduziria o déficit em 4 trilhões de dólares ao longo de dez anos e abriria caminho para a elevação do teto para o governo tomar empréstimos, atualmente fixado em 14,3 trilhões de dólares. Mas a decisão de Boehner afastou a esperança de qualquer acordo imediato e levantou dúvidas sobre a possibilidade de que as conversações deste domingo possam terminar em avanços para o debate sobre a dívida, que resultem no fim do impasse.

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