Divulgada neste mês, a pesquisa foi elaborada durante dois anos e mostra a evolução do processo de interiorização do desenvolvimento urbano, no qual os centros regionais são considerados pólos de destaque.
São Carlos também é vista como importante área de influência regional, nas recebe na pesquisa classificação como Centro Sub-regional A, dada a municípios "de gestão menos complexa, com área de influência mais reduzida e com relacionamentos externos diretos com as metrópoles nacionais".
Para a secretária municipal de Desenvolvimento Urbano de Araraquara, Alessandra de Lima, os resultados obtidos pela pesquisa refletem a realidade local. "Araraquara sempre chamou a atenção do governo Estadual e se mostrou atrativa para as outras cidades da região por causa de sua posição territorial privilegiada e sua infraestrutura, enquanto São Carlos tem sua importância reconhecida por conta dos investimentos das universidades como pólo tecnológico", avalia.
CritériosEntre os critérios que contribuíram para a classificação de Araraquara como Centro Regional, o principal deles foi o nível de adensamento das interações espaciais (volume de pessoas interagindo no espaço) e o outro, a capacidade de atendimento e prestação de serviços aos outros municípios.
Para a identificação dos municípios-pólo, o parâmetro utilizado foi, sobretudo, a existência de trocas entre municípios - os chamados "deslocamentos pendulares" (pessoas que moram em uma cidade, mas trabalham em outra - veja exemplos desses casos na página 17 desta edição) e o acesso aos serviços de saúde.
Na escala estadual, Araraquara integra uma área de absorção, cujo resultado entre as trocas apresenta-se positivo, indicando maior entrada do que saída de população.
Neste aglomerado, as cidades de Araraquara, São Carlos e Gavião Peixoto são os municípios mais atrativos, devido à geração de emprego e à presença de ensino superior.
Sexto lugar em serviços e terceiro pólo agroindustrial
No "Estudo da Morfologia e Hierarquia da Rede Urbana Paulista", a análise do setor econômico terciário também mostrou a vantagem de Araraquara. Foram observados a prestação de serviços, o número de lojas em shoppings centers, hipermercados e quantidade de matrículas em curso superior. Nesta classificação, o aglomerado urbano Araraquara/São Carlos figura no 6° lugar em importância no Estado, atrás das regiões da Grande São Paulo, Campinas, Baixada Santista, São José dos Campos e Sorocaba. "Araraquara se destaca por ser importante centro de desenvolvimento de novos negócios e de escoamento de mercadorias, pelo uso de meios de transporte multimodais, enquanto São Carlos tem seus méritos pela alta tecnologia", explica o secretário estadual do Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido, um dos responsáveis pela pesquisa.
Agroindústria
A pesquisa assinala a agroindústria, vinculada ao beneficiamento da produção de açúcar, álcool e suco de laranja, como a principal atividade econômica da cidade, diretamente responsável pelo desenvolvimento dos serviços e atividades de apoio, como transporte e armazenamento. Desta forma, Araraquara é vista como uma das mais prósperas cidades da região central, sendo fundamentais a integração existente entre transporte rodoviário (rodovias Washington Luiz e Anhanguera) e ferroviário (Ferrovias Paulistas S/A - Fepasa) e a proximidade do Gasoduto Bolívia-Brasil e da hidrovia Tietê-Paraná.
Quanto ao montante de investimentos privados anunciados entre 2003 e 2008, quase que exclusivos no setor industrial, a aglomeração Araraquara/São Carlos é considerara o terceiro pólo mais importante entre as aglomerações do Estado, abaixo apenas das regiões de São José dos Campos e de Sorocaba.
Objetivos do estudo
O "Estudo da Morfologia e Hierarquia da Rede Urbana Paulista" foi realizado com o objetivo de verificar a evolução do perfil da rede urbana paulista e identificar as mudanças ocorridas nas aglomerações urbanas não metropolitanas registradas em estudo de 1999, verificando o surgimento de novas espacialidades e novos centros regionais e sub-regionais. "A idéia é usar os resultados da pesquisa como ponto de partida para o planejamento de políticas públicas, levando em consideração também a integração regional", explica o secretário Edson Aparecido.
"Nas estratégias de planejamento urbano, as metas do Governo do Estado são levar em conta competitividade, qualidade de vida, sustentabilidade e meio ambiente e combate à pobreza. Queremos monitorar o crescimento de forma a evitar os problemas típicos das grandes cidades", completa.
Aglomeração Araraquara/São Carlos inclui sete cidades
O estudo Emplasa/Seade mostra que a rede urbana paulista é integrada por dez "aglomerações urbanas não metropolitanas", que concentram aproximadamente 19,5% da população do Estado. A classificação delas levou em conta critérios econômicos, demográficos e físico-territoriais.
A chamada "aglomeração urbana Araraquara/São Carlos" é composta pelas cidades de Ibaté, Américo Brasiliense, Gavião Peixoto, Matão e Santa Lúcia - além das duas já citadas - e tinha população total de 587 mil habitantes em 2009. A taxa de crescimento populacional registrada nesta região, entre 2000 e 2009, foi de 1,51%, e a taxa de urbanização, de 96,55%.
Funções divididas
Também segundo o estudo, as funções de pólo são divididas entre as duas cidades centrais, que concentram a atividade econômica e têm praticamente o mesmo numero de indústrias de grande porte (com mais de 250 empregados), com praticamente a mesma quantidade de pessoas ocupadas.
