Criança não recebe vacina em posto e contrai meningite

A família do pequeno Victório, de 1 ano, foi pega de surpresa no dia 16 de setembro. A assistente social Adriana de Oliveira, de 32 anos, estava certa de que o filho estava imunizado contra a meningite porque o havia levado para tomar vacina dias antes, mas os médicos o diagnosticaram com a doença.

Somente cinco dias depois do parecer clínico é que a mãe descobriu o "engano": uma funcionária do posto de saúde entrou em contato avisando que o medicamento, antes em falta, já estava disponível e que ela poderia levar a criança até a unidade para a aplicação.

A mãe conta que, no início do mês, levou o filho para ser vacinado, mas afirma que não sabia que a imunização contra meningite não havia sido feita. "Só depois da ligação é que percebi que ele não tinha recebido a vacina contra a meningite", explica Adriana.

Ao voltar ao Centro Municipal de Saúde (CMS) do Selmi Dei 1, Região Nordeste da cidade, onde o filho deveria ter recebido a vacina, Adriana afirma que os funcionários ainda a destrataram. "Levei meu filho para entender o que aconteceu e não tive um bom tratamento", reclama.
Estado de saúde

Desde a descoberta da doença, o pequeno Victório está recebendo acompanhamento pelos médicos da Unimed. Ele apresenta dificuldades motoras, de coordenação e, nos últimos dias, os pais perceberam que ele não está ouvindo direito. "Estamos correndo para dar toda a assistência para o Victório", diz Adriana, que é mãe de outra criança de 11 anos.

A família não pensa em processar a Prefeitura por erro na vacinação. Segundo Adriana, a secretária de Saúde, Regina Barbieri, e a equipe da Pasta estão dando todo o apoio à família para a recuperação do menino. "Não analisamos ainda o que fazer depois desse primeiro momento. Não sei se cabe um processo de erro médico", afirma.

Adriana conta que, desde a descoberta da doença do filho, a rotina da família tem se baseado em consultas médicas. "Sempre tem fisioterapia e agora vamos ao otorrino."
Secretaria de Saúde abre sindicância
A secretária municipal de Saúde, Regina Barbieri, afirmou à reportagem da Tribuna que uma sindicância interna foi aberta para apontar quem cometeu o erro que culminou na doença de Victório.

De acordo com Regina, a mãe da criança sempre frequentou a unidade de saúde do Selmi Dei e faz lá o acompanhamento dos filhos, por isso, não há justificativa para a não vacinação. "Ainda não vou comentar de quem foi o erro. Só posso dizer que estamos investigando e dando todo o apoio à família", diz.
A investigação do caso será aberta nos próximos 15 dias. Depois disso, a história será analisada e a responsabilização, assim como a punição, será estudada. O funcionário pode ser demitido ou ficar suspenso de suas funções por tempo determinado.
De olho na carteira de vacinação
O pediatra Jair Luis de Mattos afirma que os pais têm de ficar de olho nas anotações contidas na carteira de vacinação dos filhos para que a falta da imunização não passe desapercebida. "Inicialmente, nos postos de saúde é feita uma anotação a lápis, depois de dada a vacina é anotado a caneta. Tem de ficar de olho nesses detalhes."

Entretanto, segundo Mattos, como pessoas leigas não têm conhecimento do funcionamento da vacinação, os profissionais de saúde é que são responsáveis pela ‘fiscalização’. "Se a meningite desse menino é a possível de imunizar, houve erro."

De acordo com Mattos, há três tipos de meningite em circulação: pneugocócica, meningocócica e haemophilus B, sendo que apenas para a última a vacina é 100% efetiva.

Porém, mesmo que a meningite tenha se configurado como um vírus sem imunização, a criança não ser medicada pode configurar erro.
Sintomas e números da meningite
•O quadro é caracterizado por febre, dor de cabeça, vômitos, irritação e fraqueza;
•Os sinais podem evoluir para rigidez na nuca e, em alguns casos, manchas arroxeadas na pele;
•Uma entre dez pessoas que contraem a doença meningocócica morre, mesmo que diagnosticada e tratada adequadamente;
•Sem tratamento, a taxa de mortalidade é de 70% a 90%;

•Das pessoas que sobrevivem, uma em cada cinco sofre sequelas por toda a vida, como danos cerebrais, perda de audição e do movimento dos membros
Fonte: Organização mundial da saúde

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