O escritor italiano Antonio Tabucchi cancelou sua viagem à Festa
Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho. À organização, o
escritor alegou que não participaria mais do evento por discordar da
posição do governo brasileiro em não extraditar o ex-ativista Cesare
Battisti, acusado de quatro assassinatos na Itália durante a luta armada
nos anos 70.
A mesa da qual Tabucchi participaria, que seria realizada no dia 8 e já
tinha ingressos esgotados, será substituída pelo debate "Ficções da
crônica", com Ignácio Loyola Brandão e Contardo Calligaris. Em nota, os
organizadores da Flip afirmam que os ingressos já adquiridos serão
válidos para a nova mesa. Quem preferir poderá restituir o valor do
ingresso nas bilheterias em Parati ou entrar em contato pelo e-mail
flip@ticketsforfun.com.br.
Autor de livros como "Noturno indiano" (1984), "Réquiem" (1992) e
"Afirma Pereira" (1994), Tabucchi é um dos principais escritores em
língua italiana da atualidade. Com ele, este é o quarto cancelamento
dentre os autores confirmados pela Flip em maio deste ano. O francês Michel Houellebecq, o norte-americano David Remnick e o italiano Franco Moretti também cancelaram.
Marcada para ocorrer entre os dias 6 e 10 de julho, em Parati, cidade
do litoral fluminense, a Flip deste ano tem como escritor homenageado o
modernista Oswald de Andrade. Entre os autores que participarão de
debates estão Paulo Henrique Britto, James Ellroy, Andrés Neuman, Valter
Hugo Mãe, Joe Sacco, Pola Olaixarac, João Ubaldo Ribeiro e Claude
Lanzmann.
Preso no Complexo Penitenciária da Papuda, em Brasília, por
falsificação de documentos havia mais de quatro anos, o ex-ativista de
esquerda Cesare Battisti foi colocado em liberdade no início deste mês
depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter determinação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
do ano passado que negava pedido de extradição do governo italiano.
Condenado à prisão perpétua na Itália pelo assassinato de quatro pessoas
entre 1977 e 1979, Battisti alega inocência. A libertação do
ex-ativista tem gerado protestos na Itália, que já afirmou estar
"determinada a dar todos os passos necessários para buscar o reexame da
decisão".