Berlusconi perde maioria na Itália, e oposição pede sua saída imediata

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, segura a mão do ex-aliado Umberto Bossi nesta terça-feira (8) durante votação no Parlamento em Roma (Foto: Reuters)
O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, segura a mão do ex-aliado Umberto Bossi nesta terça-feira (8) durante votação no Parlamento em Roma

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, venceu nesta terça-feira (8) a votação no Parlamento para ratificar o Orçamento de 2010, mas o resultado indica que ele não tem mais maioria parlamentar, o que deve aumentar a pressão por sua renúncia.
A oposição se absteve de votar, como havia prometido, e Berlusconi conseguiu aprovar a ratificação das contas por 308 dos 630 votos possíveis, menos dos 316 que garantem a maioria absoluta na Câmara dos Deputados.
Após o resultado, os opositores pediram imediatamente que Berlusconi, de 75 anos, entregue sua renúncia.
"O governo não tem maioria nesta assembleia", afirmou Pierluigi Bersani, líder do Partido Democrático (PD), principal da oposição.
"Temos um problema de credibilidade com este governo. Este governo não é capaz de gerenciar a situação e enfrentá-la. Este déficit de credibilidade é fundado nos números", declarou Bersani.
O opositor argumentou que a Itália corre o risco real de perder acesso aos mercados financeiros, depois que os rendimentos dos bônus governamentais se aproximaram da barreira psicológica de 7%.
O ministro da Defesa, Ignazio La Russa, disse que Berlusconi deve consultar o presidente Giorgio Napolitano antes de tomar qualquer decisão.
Boatos sobre a possível renúncia de Berlusconi e pressões para que ele saia do governo crescem desde a semana passada, em meio à desconfiança de que seu governo não conseguiria sobreviver à votação desta terça.
Antes da votação, o líder da Liga Norte, Umberto Bossi, já havia pedido a saída do premiê.

"Nós pedimos ao primeiro-ministro para renunciar", Bossi disse a jornalistas em frente ao Parlamento. Ele se encontrou com Berlusconi na noite de segunda.
Bossi sugeriu que Angelino Alfano, secretário-geral do governista Partido da Liberdade e considerado o herdeiro político de Berlusconi, deveria assumir o governo.
Ex-ministro da Justiça do governo Berlusconi, Alfano poderia receber um apoio relativamente grande para liderar um governo de transição no qual entraria a oposição centrista.
Acredita-se que a Liga Norte, junto com muitos membros do PDL, esteja querendo que Berlusconi abra caminho para um novo governo de centro-direita, capaz de combater a crise econômica e restaurar a confiança dos mercados sem a necessidade de passar o poder para um governo de transição.
Pressão e instabilidade
Na segunda, o contestado premiê de centro-direita, envolvido em vários escândalos, garantiu que não iria renunciar.
No fim de semana, ele havia garantido que ainda tinha apoio parlamentar para governar.
Aparentemente, ele estava tentando negociar a volta dos dissidentes de seu partido.
Os mercados financeiros reagem com instabilidade à incerteza política no país, em meio à crise da Zona do Euro.
Se Berlusconi renunciar ou perder um voto de confiança no Parlamento, cabe ao presidente do país, Giorgio Napolitano, decidir se convoca eleições antecipadas ou se nomeia um novo governo. Um nome bastante citado para liderar um possíve governo técnico é o de Mario Monti.
A oposição de centro-esquerda tenta há tempos derrubar Berlusconi, envolvido em escândalos sexuais e processos criminais.
Os opositores também acusam o premiê de ter prioridades legislativas diretamente ligadas a seus interesses empresariais, em detrimento das necessidades do país.
No entanto, a oposição não conseguiu "emplacar" um líder forte, com um bom programa, para apresentar como opção a Berlusconi.
O medo é que a Itália não consiga cumprir os pagamentos de seus débitos, de cerca de US$ 2,6 trilhões, e precise de ajuda internacional. A Europa teme que um programa de auxílio desta magnitude possa quebrar a Eurozona e arrastar consigo a economia global.
Na reunião de cúpula do G20, na semana passada, Berlusconi pediu ao FMI que monitore as reformas econômicas do país.
Preocupação europeia
A situação na Itália é "muito preocupante", disse nesta terça o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, no fim de uma reunião de ministros de Finanças da União Europeia.
"A situação é muito preocupante", disse Rehn. "A Itália tem registrado vários movimentos e não sabemos quais serão seus desfechos", disse.

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