Araraquara precisa de estudo para conter enchentes

Fotos: Moisés Schini/Tribuna Impressa
A chuva de sábado trouxe uma nova condição histórica para Araraquara. No passado, não havia registros de alagamentos com tal intensidade, nem casos flagrantes de salvamento em meio às águas.

E para evitar que isso se repita, é importante que a cidade desenvolva um projeto de macrodrenagem para avaliar todos os pontos de alagamentos e o que pode ser feito neles, segundo especialista ouvido pela Tribuna.

O historiador Mivaldo Messias Ferrari diz que Araraquara nunca registrou um alagamento com o mesmo impacto à população como o registrado no sábado, quando o Córrego do Ouro subiu cinco metros e transformou a Via Expressa em um grande rio. "Nosso maior orgulho era ter a certeza de que nunca teríamos problemas com enchentes. Agora, temos a tristeza de ter uma senhora desaparecida em meio às águas", afirma.

O engenheiro civil Paulo Vaz Filho explica que as cidades brasileiras vêm sofrendo com o mesmo fenômeno porque cresceram em volta de rios e córregos. "Alagamentos são realidades vividas por várias cidades. São Carlos, Matão e Ribeirão Preto já sofriam com o problema."

Segundo o engenheiro civil, a impermeabilização do solo e o asfalto contribuem para que os córregos transbordem com mais facilidade, pois não há absorção da água. "Não há barreiras naturais. Antes, a água chegava mais lentamente. Agora, ela vai direto. Por isso, é preciso analisar como cada ponto se comporta com sobrecarga de chuva."

Sem o estudo, não é possível afirmar se o problema poderá se repetir. "Temos de levar em consideração a densidade da chuva e o poder de vazão do córrego."
O secretário de Obras Públicas, Valter Rozatto, explica que a maioria dos córregos da cidade deságua no Ouro e o crescimento urbano aumentou a impermeabilização do solo.

A Prefeitura não confirma a possibilidade de fazer um estudo deste porte.
Precaução também começa dentro de casa

Os cuidados de precaução com enchentes não são de responsabilidade apenas da Prefeitura, que tem o dever de manter bocas de lobo limpas e as ruas, avenidas e parques higienizados. A Defesa Civil orienta a população a auxiliar na contenção das enchentes para reduzir os locais passíveis a alagamento na cidade, atualmente contabilizados em 11 pontos.

As dicas são para que o lixo orgânico e os resíduos recicláveis não sejam colocados no chão da rua - o ideal é sempre usar lixeiras.

A orientação dentro de casa é que as calhas sejam mantidas limpas para que não haja entupimentos e que se faça vistoria nas telhas, pois ventos fortes podem provocar infiltrações e deslocamento da cobertura.

Outra orientação para o período pós-chuva é que, caso a residência apresente alguma fissura ou trinca, o morador busque informações técnicas com pessoas especializadas em construção civil para detectar a origem dos problemas e realizar as obras de recuperação.

Chuva causou estragos e desaparecimento
A chuva de sábado começou no início da noite e, meia hora depois, já havia vários pontos de alagamento pela cidade, o mais grave na Via Expressa, perto da Rodoviária, onde o Córrego do Ouro transbordou e alguns carros rodaram na enxurrada.

Um bebê foi resgatado de dentro de um carro que ficou ilhado em meio as águas em frente ao Terminal Rodoviário, outro veículo foi abandonado por três ocupantes e uma senhora foi levada quando saía de uma van. Ela foi levada pela correnteza e ainda está sendo procurada pelos bombeiros.

Além disso, a Secretaria de Obras prevê gastos de R$ 1 milhão para consertar os danos na Avenida Santos Dumont, no Yolanda Ópice, Região Sudeste, que teve parte do asfalto levado para o Córrego Água Branca.

  Em um período de meia hora, choveu 24 mm em Araraquara.

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Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara