Abalo sísmico? Sim, é possível!

Essas rachaduras são causadas pela excessiva retirada de água do subsolo    
Após a tragédia no Japão, cientistas brasileiros criam coragem e abrem debate sobre o assunto. Um grupo de geólogos, que estuda a oscilação de recarga do Aquífero Guarani, esse mar que está sob Araraquara e vasta região do país, diz que não estamos livres de um acomodamento da crosta terrestre, o que poderia causar um abalo de proporções imprevisíveis.

Há pouco mais de cinco anos, um forte estrondo foi ouvido em Monte Alto e quase todas as cidades ao derredor. No dia seguinte, a notícia de que os sismógrafos espalhados pelo país registraram esse acomodamento da terra, inclusive com rachaduras na crosta terrestre. O fato disparou o sinal de alerta, e, a partir daí, geólogos passaram a dedicar maior tempo de estudo para uma real avaliação sobre os riscos que corremos.
Nossas edificações, nem térreas e nem os prédios mais altos, estão estruturadas para o suporte de eventuais abalos. Se a acomodação de cinco anos atrás tivesse ocorrido no centro de Monte Alto, fatalmente teríamos uma tragédia.
Na época do fato, o geólogo Pedro Jacob, da CPRM, foi ouvido pelo Grande Jornal Falado da Cidade, da Rádio Morada do Sol, e afirmou que ocorre impacto com a exagerada retirada das águas subterrâneas. Geralmente, essas acomodações mais radicais não acontecem porque as águas nas cavernas são repostas. Quando ocorre uma seca mais prolongada, como aconteceu naquela época, essa acomodação pode causar esse impacto, disse o geólogo.
Na visão de alguns geólogos é impossível avaliar o grau de pressão que mantém intactas a crosta que nos isola do aquífero. Diante dessa realidade, é impossível prever as consequências, que podem ser inimagináveis.
Para o geólogo Edilton Freire, também da CPRM, todos esses riscos podem ser reduzidos com intervenção do Estado para que haja equilíbrio na vazão. Antes das sondagens dos poços profundos, essa vazão era lenta e gradual, mas hoje ela é agressiva, afirmou o especialista.
Após a catástrofe no Japão, alguns cientistas estão promovendo movimento para discutir a situação do subterrâneo em vários pontos do país, principalmente neste onde está situado o Aquífero, que é o mar debaixo dos nossos pés. Para estes estudiosos, a exploração dessas águas precisa ser discutida com maior seriedade, uma vez que existe a suspeita de que haja uma conspiração para esconder a realidade da população. Quanto à possibilidade de um abalo com a proporção de um terremoto, de pequena, média ou grande intensidade, os estudiosos são unanimes em afirmar: sim, é possível. 
 
Araraquara mantém respeito
Para o ex-diretor do Departamento Autônomo de Água e Esgoto, o engenheiro Ciro de Almeida Leite, só o equilíbrio na vazão vai evitar consequências futuras. Araraquara está equilibrada. Mantém 50% do seu abastecimento com águas superficiais (rios e córregos) e 50% com águas profundas, vindas do aquífero. No entanto, esse equilíbrio não é mantido por outras cidades da região, onde são mantidas com 100% de águas profundas. Esse mar sob nossos pés corre entre duas camadas rochosas. Começa em Rio Claro e avança até a Argentina. E quando há excesso de retirada, a pressão que sustenta as rochas diminui e aí ocorrem as acomodações, cujas proporções não podem ser mensuradas.
*Esta declaração do engenheiro Ciro de Almeida Leite foi feita em 2007, quando concluiu um estudo sobre o impacto da retirada de água do subsolo.

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Criado com a intenção de unificar as notícias mais importantes de Araraquara, região, Brasil e mundo.Créditos da imagem: Núcleo de Artes Visuais de Araraquara